Fiocruz alerta que difusão de notícias falsas dificulta a vacinação infantilDivulgação
Os cientistas ressaltam ainda que a pandemia não acabou e os riscos continuam presentes. Eles orientam que a transição para as próximas fases deve vir acompanhada de planos e planejamento de curto, médio e longo prazos. Assim, no webinar realizado em 20 deste mês pelo Observatório Covid-19 Fiocruz, que reuniu especialistas na área, foram sintetizadas recomendações, considerando que ainda existe uma pandemia em curso, mas com cenários bastantes distintos das fases anteriores, e com desafios futuros.
Entre as recomendações estão fortalecer a capacitação das equipes de epidemiologia de campo e de laboratório para o aprimoramento da investigação etiológica; a introdução de estratégias de vigilância de Síndromes Respiratórias Agudas (SRG) integrando a covid-19; e reforço da vigilância genômica para a detecção e caracterização de novas variantes.
Os dados registrados nas duas últimas semanas epidemiológicas, de 10 a 23 deste mês, mostram nova redução dos indicadores da intensidade de transmissão da Covid-19 no Brasil. Representando um decréscimo de 36% em relação às duas semanas anteriores (27 de março a 9 deste mês), foi registrada uma média de 14 mil casos diários. O número de óbitos se situou em cerca de 100 mortes por dia, valor próximo aos verificados no início da primeira onda epidêmica, em abril de 2020. Houve uma queda de 43% do índice de mortalidade em relação às duas semanas anteriores.
Nenhum estado apresentou tendência significativa de alta do número de casos e em grande parte deles houve queda na incidência de casos novos, como Amazonas, Roraima, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais e Goiás. Somente dois estados apresentaram tendência de alta de mortalidade: Amazonas e Paraíba. Outras unidades apresentaram redução dos índices de mortalidade, como Rondônia, Roraima, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
Os cientistas explicam que, apesar das dificuldades de acesso a testes que permanecem em alguns municípios, houve uma redução na taxa de positividade dos testes de diagnóstico por RT-PCR. “Apesar das limitações, esse indicador mostra a redução da intensidade de transmissão do vírus. Portanto, se espera para as próximas semanas a tendência de redução também dos indicadores que mais preocupam a população e os serviços de saúde: mortalidade e internação em UTI por Covid-19", ressaltam.
A tendência geral de redução de casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) permaneceu em todas as faixas etárias nas semanas epidemiológicas 15 e 16. Nas últimas quatro semanas, a proporção de casos por Sars-CoV-2 correspondeu a 35% dos casos de SRAG com resultado laboratorial positivo – esta proporção reduziu significativamente nas semanas recentes, visto que, no período de 2020 e 2021 da pandemia, ela foi superior a 95%.
Desde a queda da curva de casos novos da fase atual da pandemia as curvas de idade média e mediana, e internações e óbitos, gradativamente seguem sentidos diferentes: reduzindo os valores para internações e estabilizando/aumentando para óbitos. Esta divergência sugere que, num cenário de menor demanda por internações, os indivíduos são tratados oportunamente, restando aos mais jovens um melhor prognóstico, ratificando a idade avançada como um fator de risco independente para caso graves e fatais por Covid-19. Preocupa ainda o aumento da contribuição relativa das crianças nas internações, que seguem com expansão da cobertura vacinal num ritmo muito lento.
Leitos de UTI para Covid-19
De forma geral, se observa a manutenção de taxas baixas, apesar de contínua redução de leitos, e já se verifica a retirada do indicador ou dados para calculá-lo em painéis e boletins de estados como Minas Gerais e Paraná. Comparando dados obtidos nos últimos dias 4 e 25 deste mês, a disponibilidade de leitos de UTI SRAG/Covid-19 para adultos no SUS sofreu novas reduções em diversos estados.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.