Lula é capa da revista americana Time e fala sobre sua história na política e a vontade de retornar ao cargo que deixou em 2010Reprodução / Revista Time

A revista semanal Time, dos Estados Unidos, divulgou sua nova edição nesta quarta-feira, com o ex-presidente Lula na capa e o título "O segundo ato de Lula". A matéria abre com uma breve história da vida do petista que recebe a alcunha de "O líder mais popular do Brasil", no subtítulo, seguido de uma entrevista. 
No texto, a revista aborda a ascensão, queda e retorno a vida pública do líder populista, além da prisão por meio dos processos da operação Lava Jato e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca das motivações de Sergio Moro no julgamento que condenaram o ex-presidente. A matéria também trata das eleições deste ano e cita Jair Bolsonaro como ponto crucial para a volta de Lula à corrida presidencial pois ele diz que não pretendia retornar ao cargo quando deixou o Palácio do Planalto em 2010.
"A política vive em cada célula do meu corpo porque eu tenho uma causa. Durante os 12 anos desde que deixei o cargo, vi que todo o trabalho que criei para beneficiar os pobres foram destruídos", disse Lula, em entrevista à revista americana.
A matéria também cita as pesquisas presidenciais que apontam Lula a frente de Bolsonaro por poucos pontos em uma corrida acirrada e com "candidatos centristas praticamente fora da disputa", diz o texto. A Time aborda ainda as 660 mil mortes por covid-19 durante o período de pandemia no país e cita a gestão do atual presidente a frente da emergência de saúde.
"Bolsonaro, que chamou o vírus de 'gripezinha', apelidou as pessoas que seguiam as orientações de isolamento de “idiotas” e se recusou a se vacinar e comprar doses para os brasileiros quando eles se tornaram disponíveis pela primeira vez", lembra a matéria.
A entrevista com Lula foi realizada em março, no escritório do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo. A revista diz ainda que caso eleito, o país que Lula encontrará é bem diferente daquele deixado em 2010. "Com inflação de dois dígitos [...] Uma crise política de seis anos dividiu amargamente a sociedade. As brechas geopolíticas que o Brasil já atravessou se ampliaram, e o Ocidente está em uma nova guerra fria com a Rússia", analisa o texto.
Ao falar do conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula diz que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também é responsável pela guerra. "Na guerra não há apenas um culpado. Estão incentivando esse cara [...] Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz", disse o petista.
Lula termina a entrevista falando sobre seu casamento com Rosângela da Silva, conhecida como Janja, de 55 anos e diz que seu novo capítulo político tem grande influência do relacionamento com a noiva. "Um cara tão feliz quanto eu não precisa se enfurecer, deixe seus oponentes fazerem o que quiserem", diz ele. "Se eu puder, na campanha, falarei apenas de amor. Eu não acho que seja possível ser um bom presidente se você só sente ódio dentro de você, se tudo que você quer é vingança. Não, o passado acabou. Construirei um novo Brasil", finaliza.