Edson Fachin, presidente do TSE, rebateu as insinuações não comprovadas do presidente Jair Bolsonaro sobre a votação eletrônicaAbdias Pinheiro/SECOM/TSE

Brasília - O ministro Luiz Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), foi enfático ao garantir que o Brasil não embarcará mais em 'aventuras autoritárias'. A declaração dada nesta terça-feira, 17, marcou a abertura do discurso na palestra 'Democracia e eleições na América Latina e os desafios das autoridades eleitorais', em Brasília. O posicionamento ocorre após as seguidas ameaças e insinuações golpistas do presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição em outubro.
"O mundo observa, com atenção, o processo eleitoral brasileiro de 2022. Somos, hoje, uma vitrine para os analistas internacionais, e cabe à sociedade brasileira garantir que levaremos aos nossos vizinhos uma mensagem de estabilidade, de paz e segurança, e de que o Brasil não mais aquiesce a aventuras autoritárias", declarou Fachin.
Após uma breve trégua com o TSE, Bolsonaro voltou a investir em discursos que levantam suspeitas sobre a credibilidade e segurança o sistema eleitoral eletrônico praticado no país. No entanto, jamais apresentou quaisquer provas de fraudes nas urnas eletrônicas. Nesta terça-feira, o chefe do executivo voltou a defender o armamento da população civil numa deturpada associação com a defesa da democracia.
Na última semana, o TSE concluiu com êxito o período de teste de segurança nos equipamentos, e, de quebra, respondeu aos questionamentos feitas pelo Ministério da Defesa, convidado a acompanhar e contribuir com o sistema eleitoral.
"A ninguém interessa reprisar essa realidade no nosso país, cuja experiência de 25 anos com a urna eletrônica permitiu a superação dessas inquietudes", disse Fachin.
Fachin, com o apoio dos demais ministros da Corte, reiterou não se pode transigir com ameaças à democracia. Coeso, o TSE descartou propostas defendidas por Bolsonaro como a volta do voto impresso, derrotada na Câmara dos Deputados e julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), auditoria privada paralela para apurar os votos, rechaçada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Vale destacar que o ministro do STF Alexandre de Moraes, alvo de constantes críticas de Bolsonaro e de sua base de apoio, assume a presidência do TSE em setembro, um mês antes das eleições.