O deputado federal Glauber Braga criticou o autoritarismo de Arthur Lira, que pede a sua cassação Pablo Valadares/Câmara

Brasília - Em tempo recorde, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou na terça-feira, 14, o processo para apurar a possível quebra de decoro do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), baseada na representação feita pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que pede a cassação do parlamentar. A celeridade incomum da tramitação causou estranheza e indignação da oposição em Brasília. Afinal, o texto foi aprovado pela Mesa Diretora e encaminhado para o Conselho de Ética no mesmo dia em que foi apresentado no plenário, no dia 1º de junho.
"Em tempo recorde de tramitação, iniciou o processo de tentativa de cassação do nosso mandato no Conselho de Ética. Em sorteio, a lista tríplice para relatar a representação contra o mandato do deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA), deputado Gilberto Abramo (Republicanos-MG) e Marcelo Nilo (Republicanos-BA). (...) Agradecemos as inúmeras manifestações de apoio. Não vamos recuar", disse Glauber em postagem no Twitter.
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Lira não admite perder a "queda de braço". O presidente da Câmara se sentiu afrontado de maneira desrespeitosa quando Braga questionou se ele "não tinha vergonha por defender a privatização da Petrobras". A declaração incendiou a sessão do dia 31 de maio, dando início a um intenso bate-boca entre os dois parlamentares.
"Nos últimos anos o deputado Glauber Braga, abusando de sua imunidade material, tem se comportado em plenário de modo desrespeitoso e agressivo, ofendendo a honra de outros parlamentares e lesando a imagem desta Casa", diz a ação assinada pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto.
Do outro lado, Glauber classifica o ato de Lira como abuso de poder e parte de uma série de gestos para intimidar a oposição, hoje, minoria na Câmara. Pelas redes sociais, além do PSOL, o movimento de apoio ao deputado federal contou com a solidariedade de eleitores e de grupos ligados à oposição. Em 3 de junho, o PSOL protocolou uma representação com o pedido de abertura de processo ético-disciplinar para cassar o mandato de Arthur Lira por de abuso "das prerrogativas asseguradas para cometer as ilegalidades e arbitrariedades, agindo em prejuízo dos membros do Congresso Nacional”. Segundo o partido, ele “desonrou o cargo para o qual foi eleito'.