Incêndios florestais atingem a região do Pantanal, no Mato Grosso do SulReprodução
Incêndios voltam a castigar o Pantanal
Fogo já destruiu 28 mil hectares do bioma, área equivalente a 30 mil campos de futebol
Incêndios de grandes proporções voltaram a atingir o Pantanal, um dos biomas mais ameaçados no País e fortemente afetado pelas queimadas nos últimos anos. Nesta sexta-feira, 8, equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Mato Grosso do Sul combatiam grandes focos no Parque Estadual Pantanal do Rio Negro e em seu entorno, entre Aquidauana e Corumbá, onde o fogo já queimou 28 mil hectares, área equivalente a 30 mil campos de futebol.
No primeiro semestre deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 517 focos de fogo em todo o bioma, 39,3% mais do que nos primeiros seis meses do ano passado, quando foram 317. O Pantanal brasileiro se divide entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que detém 70% desse território. Os focos se concentram principalmente na região de Corumbá e Porto Murtinho, na fronteira com a Bolívia. No início da semana, os bombeiros conseguiram conter um incêndio que atingiu a região do Passo do Lontra, em Nhecolândia. As chamas, no entanto, voltaram a aparecer e ainda cobrem de fumaça trechos de rodovias da região.
Na quinta-feira, 7, o Corpo de Bombeiros mobilizou um avião Air Tractor para auxiliar as equipes em terra no controle do fogo que se espalhava pelo interior e entorno do parque Pantanal do Rio Negro. De acordo com a corporação, as chamas estão em locais de difícil acesso, exigindo até seis horas de caminhada para o combate em terra. Equipes se deslocam também por barcos usando os rios da região como rota.
Conforme o Corpo de Bombeiros, duas guarnições de combate a incêndios florestais atuam na região do Abobral, no interior do parque. Outros dois grupos trabalham no município de Porto Murtinho. Os 35 bombeiros militares, com apoio de brigadas e voluntários, estão equipados com viaturas auto-bombas, veículos de tração e abafadores, contando ainda como suporte do avião com lançador de água.
Segundo João Vitor Dias, analista de geoprocessamento do Instituto SOS Pantanal, o incêndio no Parque Pantanal do Rio Negro está fora controle. "O fogo começou no dia 25 de maio, mas era o chamado fogo subterrâneo, que vai queimando a turfa no subsolo. Na quarta-feira, 6, as chamas atingiram a vegetação seca e se alastraram rapidamente. Não temos ainda uma medição oficial, mas acredito que já foram queimados 28 mil hectares (em torno de 30 mil campos de futebol) no parque e fora dele", disse Dias ressalta que a região é rica em fauna, abrigando inclusive onças-pintadas.
Um comunicado emitido pelo Instituto SOS Pantanal no dia 20 de maio já alertava para o risco de incêndios no bioma devido ao tempo mais seco no inverno este ano. De acordo com Dias, as análises indicam que o Pantanal de Mato Grosso do Sul passará por uma seca intensa até setembro.
"Isso já está acontecendo e a situação só não está pior porque houve mais chuva no Pantanal norte, em Mato Grosso, nos meses passados. A estiagem está chegando lá só agora, mas aqui (Mato Grosso do Sul), choveu muito pouco, principalmente nas regiões da Nhecolândia, Miranda, Rio Negro e Aquidauana, onde os rios estão com nível abaixo do padrão normal. O acúmulo de vegetação seca é muito grande, favorecendo os incêndios."
O governo do Mato Grosso informou que realiza o monitoramento das regiões de risco e mobiliza as operações de combate assim que os focos são detectados. Este ano, segundo o governo, o Corpo de Bombeiros foi reforçado com a compra de 25 viaturas, seis lanchas e um caminhão de auto transporte de combustível, além da aeronave Air Tractor, com capacidade para 3 mil litros de água em cada lançamento. Um segundo avião já teve a compra autorizada e deve ser incorporado em outubro.
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