São Paulo - A mãe do campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo Pereira do Nascimento, morto pelo tenente policial militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, disse que acredita que o crime foi premeditado. Fátima Lo ficou emocionada ao falar do filho, na manhã desta terça-feira, 9, durante a sua participação no programa Encontro com Patrícia Poeta, da TV Globo.
“Eu acho que foi premeditado. Esse homem foi lá pra matar o meu filho, porque meu filho estava com outros rapazes e eles são lutadores. (...) Ele ficou o tempo todo provocando", afirmou a mãe do campeão mundial. "Se você está sozinho num lugar e vai provocar uma mesa que tem só lutador, você está com uma intenção, né!? Então ele já estava ali com a arma”, comentou.
Fátima falou sobre a última conversa que teve com o filho. Algumas horas antes do show, Leandro tinha ligado para a mãe para contar que ia sair com um amigo e que, no dia seguinte, pretendia almoçar com a avó, em uma reunião familiar.
"Sábado foi a última vez que falei com ele. Não sabia que ia no show, mas sabia que ia sair com um amigo dele. Me ligou às 20h falando ‘Vamos amanhã na avó", contou. Emocionada, disse quais foram as últimas palavras do campeão mundial de jiu-jítsu para ela. "Toda vez que a gente falava ele dizia 'te amo muito'. Se a gente falasse dez vezes ao dia, ele falava 'te amo muito' no final”, disse.
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Durante a entrevista, mesmo muito emocionada, Fátima foi firme ao falar sobre o PM e, o que ele fez. "Ele é um canalha, um bandido; pra mim ele é um bandido. Ele deu um tiro fatal na cabeça do meu filho, e o meu filho caiu morto no chão. Ele ainda deu dois chutes na cabeça dele”, contou.
Fátima manifestou revolta com o crime. Ela disse que gostaria de ter “a certeza de que ele (o atirador) irá pagar por isso. (...) Eu queria que ele pagasse pelo que fez com uma pessoa tão maravilhosa”, concluiu.
A irmã do atleta, Amanda Lo, que também participou do programa, contou que perdeu o seu melhor amigo. "Nós éramos muito próximos, unha e carne. Quando tive meu filho, Leandro era apaixonado por ele, coisa de outro mundo. Podia contar com ele pra tudo. Ele era o amor da minha vida”, disse Amanda.
O crime
Henrique é acusado de atirar no campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, de 33 anos, no sábado, 6, durante um show no Clube Sírio, em São Paulo.
O lutador foi baleado na cabeça após uma discussão com Henrique. De acordo com o boletim de ocorrência, obtido por O DIA, testemunhas disseram que o agressor dirigiu-se à mesa onde estava Leandro Lo e pegou uma garrafa.
O lutador "se levantou, tirou a garrafa da mesa" e "(...) em golpe de luta o derrubou e o imobilizou. Amigos da vítima separaram ambos". Em seguida, o policial militar sacou a arma e atirou na testa de Lo, que teve a cabeça chutada duas vezes.
Lo chegou a receber os primeiros socorros no local e foi encaminhado ao Hospital Municipal Doutor Arthur Ribeiro de Saboya, mas não resistiu.
O corpo do campeão mundial de jiu-jítsu foi velado e sepultado nesta segunda-feira, 8, no Cemitério do Morumby, na Zona Sul de São Paulo.
Prisão
O tenente da Polícia Militar (PM), Henrique Otávio Oliveira Velozo, foi detido após a Justiça determinar a sua prisão temporária por 30 dias. O PM é apontado como o atirador que matou o campeão mundial de jiu-jítsu, Leandro Lo. O policial era procurado após fugir da cena do crime, no sábado à noite. No domingo, 7, ele se apresentou à Corregedoria da PM.
O pedido de prisão partiu da Polícia Civil e vale por 30 dias, prorrogáveis por mais 30, caso haja nova solicitação do delegado responsável. O policial foi preso e encaminhado ao Presídio Romão Gomes.
Henrique Velozo
Henrique Otavio Oliveira Velozo é tenente da Polícia Militar e já havia se envolvido em outra confusão em 2017. Na ocasião, ele fora acusado por outros policiais de desacato e agressão em uma casa noturna também em São Paulo.
De acordo com a denúncia, o tenente se envolveu em uma confusão dentro do estabelecimento e a polícia foi chamada para controlar a situação. Quando a equipe militar chegou ao local, Velozo deu socos no braço de um soldado que tentava se afastar dele. Ele ainda teria tentado acertar um soco no rosto do PM.
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