Rio de Janeiro - RJ - 17/06/2020 - Operaçao Policial - Policiais Militares do batalhao de choque, foram atacados na manha de hoje, ao passarem pelo Complexo da Mare, zona norte do Rio. Segundo a policia, os agentes foram alvos de tiros na Avenida Brasil, altura do Parque Uniao, quando seguiam para o municipio de Angra dos Reis - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

O instituto Rede Observatório de Segurança “Raio X das Ações de Segurança” lançou, nesta quinta-feira, 18, seu novo mapa do perfil das ações policiais no período recente no Brasil. O estudo analisa dados que vão do período de julho de 2020 a junho de 2022 e abrange os estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Ao todo foram mapeadas 20.284 ações policiais, divididas em patrulhamento, combate ao tráfico de drogas e armas, repressão a furtos e roubos, controle da pandemia de Covid 19 etc. Ocorreram 1989 mortes no conjunto das operações, o que significa que a cada dez horas uma pessoa morreu em ações policiais nos estados que fizeram parte do levantamento.

O Rio de Janeiro foi o único estado entre os cinco estudados que apresentou crescimento no número de ações policiais, o que ocorreu mesmo com a vigência da ADFP 635 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635) promulgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que determinou a suspensão de todas as operações policiais não essenciais durante o período da pandemia. A Bahia foi o estado que registrou o maior índice de letalidade das ações, com 16% das operações resultando em mortes.

O número de ações policiais teve um substantivo avanço no segundo trimestre de 2022, com um aumento de 18%. Segundo o estudo, este crescimento pode estar relacionado ao ano eleitoral. Existiria uma tendencia dos governadores estaduais que irão disputar reeleição a realizar um maior número de operações visando obter visibilidade pública de suas ações.

Objetivos e resultados

A apreensão de drogas, de acordo com o trabalho, continua sendo o mais importante indicador de produtividade para as instituições de segurança publica. A repressão ao tráfico aparece em segundo lugar entre as motivações primarias das operações - 21% entre 2020 e 2021 e 24% entre 2021 e 2022. No entanto, em menos de 26% das operações foram efetivamente apreendidas drogas, o que demonstra, diz a pesquisa, que “o número de ações consideradas bem sucedidas pelas corporações é extremamente baixo enquanto o número de mortos nelas é altíssimo.”
Em relação a armas de fogo, 15% das operações resultaram em apreensões, número considerado baixo pelo estudo, já que mortes por armas de fogo representam 76% do total de mortes violentas no Brasil. Além disso o aumento de operações motivadas por crimes contra o patrimônio teve um crescimento substantivo. Em São Paulo este avanço foi de 614% e no Rio de Janeiro, de 240%. Segundo a pesquisa, esta ampliação deve estar relacionada ao retorno da circulação das pessoas pelas cidades após o período de confinamento durante a pandemia de Covid 19.

Participação das polícias nas ações

A Polícia Militar continua sendo a corporação com maior participação nas operações, mas outras instituições policiais registraram crescimento percentual de participação. A Polícia Federal obteve um avanço de 15% nas operações de patrulhamento no Rio de Janeiro, 25% em São Paulo e 28% no Ceará. Em Pernambuco, a Guarda Municipal aumentou substantivamente sua de participação, com 60%. No Rio de Janeiro a Polícia Rodoviária Federal também ampliou em 36% sua participação nas ações .