Genivaldo foi morto em uma ação da PRFReprodução

Quatro meses depois da morte de Genivaldo Santos, de 38 anos, durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Polícia Federal de Sergipe comunicou, nesta segunda-feira, 26, que concluiu e encaminhou o inquérito final à Justiça. Os três agentes da PRF envolvidos na morte foram indiciados por abuso de autoridade e homicídio qualificado.
Genivaldo morreu em maio deste ano, após ter sido trancado em uma viatura da PRF e ter sido obrigado a inalar gás lacrimogênio. Ele foi abordado na BR-101 no município de Umbaúba, em Sergipe. A família da vítima comemorou a decisão da Polícia Federal.
"Eles três fizeram parte de tudo. Estamos lutando para que a justiça seja feita", afirmou Walissom de Jesus, sobrinho de Genivaldo.
A PF afirmou por meio denota que para o relatório final foram ouvidas testemunhas e feitas coletas de material para perícia. De acordo com peritos do Instituto de Criminalística de Sergipe, Genivaldo morreu por asfixia mecânica provocada por componente químico em sua corrente sanguínea. Ele teve a morte por asfixia dentro da viatura da PRF, na BR-101. A substância inalada durante a ação, no entanto, não foi apontada.
A PRF declarou não compactuar com as atitudes dos policiais e por isso afastou os envolvidos das funções policiais. Os três agentes prestaram depoimentos à Policia Federal e admitiram ter utilizado spray de pimenta e gás lacrimogênio dentro da viatura. Outros dois policiais assinaram o boletim de ocorrência, porém não participaram da abordagem.
O caso agora será encaminhado para o Ministério Público Federal de Sergipe (MPF), que ficará responsável por decidir se os policiais acusados serão denunciados. Os nomes dos agentes suspeitos não foram informados.
Relembre o Caso
No dia 25 de maio, Genivaldo dos Santos foi abordado por três policiais rodoviários em Umbaúba, Sergipe, por não utilizar capacete enquanto pilotava uma moto. Em imagens divulgadas na internet, é mostrado o momento em que os agentes o abordam. Pedem para ele colocar as mãos na cabeça e abrir as pernas para revista.
O sobrinho da vítima, Walissom de Jesus, informou aos policiais que o tio tinha transtornos mentais. Genivaldo foi diagnosticado com esquizofrenia e já fazia o tratamento há 20 anos. Segundo a família, ele era aposentado por conta desta condição.
Os policiais encontraram uma cartela de medicamentos controlados no bolso da vítima. No boletim de ocorrência, os policiais informaram que precisaram conter Genivaldo, já que o homem não obedeceu às ordens e fez o movimento de levar a mão à cintura. O primeiro recurso utilizado foi o spray de pimenta.
Os agentes imobilizam e algemam Genivaldo. Ele é colocado na parte traseira da viatura da PRF, que está com os vidros fechados. Enquanto o gás lacrimogênio é jogado, o homem se debate no interior do carro e obriga os policiais a forçarem a porta.
No boletim de ocorrência, os agentes afirmam que Genivaldo teve um "mal súbito" durante o trajeto para o Hospital José Nailson Moura, onde morreu por volta das 13h. O corpo foi sepultado no dia seguinte. Genivaldo deixou esposa e um filho de 8 anos.