Stefanie contou que conheceu Brennand há um ano, em um restaurante, na capital paulista. A estudante tinha acabado de ganhar um concurso de miss e estava comemorando com as amigas. Dois dias depois, o empresário a abordou nas redes sociais e começou a conversar com a jovem. Thiago a chamou para jantar e após duas caipirinhas, Stefanie se sentiu um pouco tonta e acredita que neste momento que foi dopada.
“Ele me encontrou no Instagram depois de uns dois dias. Começou a falar comigo o dia inteiro, falava que foi educado na Inglaterra. Tudo no Thiago parecia um lorde e aí ele me chamou para jantar. No fim do jantar, ele pediu duas caipirinhas de caju, e eu me lembro de ter ficado muito tonta. Aí eu fui em direção ao banheiro", contou.
"Fiquei completamente desorientada, com ânsia de vômito. Acredito que fui uma das vítimas do 'boa noite, Cinderela'. Eu não tinha controle das minhas pernas, não conseguia andar, e ele viu que eu não conseguia andar”, explica a estudante.
Depois, Stefanie conta que foi levada para um hotel, onde ele a estuprou e forçou relação anal sem preservativo: “Ele me levou embora para um lugar que até então eu não conhecia. Um hotel. E aí foi a pior noite da minha vida. Ele me estuprou. Ele forçou a relação anal. Sempre sem preservativo, sem nenhum tipo de preocupação com o que aquilo poderia fazer comigo”.
A estudante de medicina relata que pediu várias vezes para Thiago parar com a relação íntima, mas que o empresário apenas dizia eram namorados.
“A parte que eu mais me lembro foi eu pedindo 'não' muitas vezes. Eu falava Não, por favor, não. Eu nunca fiz isso. Por favor, não faz isso comigo', e ele ficava “você é a minha namorada”. E forçando, forçando. Ele tirou minhas forças, minha dignidade. Tudo naquele momento”, explicou.
Ela acrescentou que, no outro dia, ele começou a falar mal do seu corpo: “Eu acordei no dia seguinte, e ele começou a falar mal do meu corpo. Ele falou "eu achei que eu estava saindo com a Miss São Paulo, mas está mais para Miss Paraíba", como se fosse algo degradante".
Em seguida, Thiago informou a Stefanie que precisava sair e que um funcionário a levaria em casa para que ela pegasse algumas roupas e acessórios. De acordo com a estudante, o empresário tinha a intenção de levá-la para a sua mansão na Fazenda Boa Vista, localizada no interior de São Paulo.
Stefanie conta que conseguiu escapar após contar uma mentira para o segurança de Brennand: "Eu falei pra ele que eu tinha um compromisso que iria voltar para São Paulo com o meu carro. Ele ficou desconfiado, mas foi embora".
Pouco tempo depois, a estudante descobriu que Thiago tinha filmado toda a relação sexual dos dois escondido: "Ele me mandou um vídeo íntimo. A vontade é de denunciar até você saber que ele tem um vídeo íntimo em que aparece o seu rosto. E então começaram os piores meses da minha vida. Eu dormia a noite pensando se ele estava fazendo isso com outra mulher, só que eu lembrava do vídeo, então o vídeo me calava".
"Eu passei um pouco mais de dois meses em tratamento psiquiátrico. Não conseguia segurar um garfo pra comer, de tão dopada que eu estava. Queria me matar! Eu tenho um laudo ginecológico da violência sofrida e eu foi tudo extremamente violento. (...) Eu tive coragem de denunciar quando vi a Helena (vítima de agressão na academia) na entrevista, eu passei muito mal", concluiu.
Thiago Brennand é solto após pagar fiança
O empresário Thiago Brennand foi solto após pagamento de fiança, de acordo com informações divulgadas pela sua defesa na sexta-feira, 14. Ele havia sido capturado por forças de segurança na quinta-feira, 13, em Abu Dhabi, com auxílio da Polícia Federal por ordem da Justiça brasileira. O valor da fiança e detalhes sobre a soltura não foram divulgados.
Uma reportagem do 'Fantástico' mostrou imagens exclusivas do empresário, um dia depois de ser libertado. Ele retornou para um hotel cinco estrelas nos Emirados Árabes, com diárias de até R$ 22 mil, que reúne sete restaurantes, piscina e spar. Nas imagens, ele aparece usando apenas uma bermuda azul, enquanto caminhava por uma área comum do refúgio de luxo.
A ação contra o empresário foi confirmada por um dos defensores de Brennand que se disse impedido de dar mais detalhes, devido ao sigilo profissional. O pedido de liberdade provisória foi feito pela defesa do empresário.
Brennand deve aguardar em liberdade o processo de extradição. Ele se comprometeu a manter o mesmo endereço já declarado às autoridades daquele país e a comparecer às audiências judiciais quando for solicitado. Mesmo com sua soltura, o processo de extradição deve prosseguir.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que um eventual processo de extradição em casos como o de Thiago Brennand tem início com um pedido do Poder Judiciário brasileiro, sendo processado em seguida pelo Ministério. O tempo de tramitação e julgamento do pedido de extradição pelas autoridades dos Emirados Árabes dependerá da legislação interna daquele país.
Brennand deixou o Brasil no dia 4 de setembro com destino aos Emirados Árabes. O empresário viajou no mesmo dia em que o Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia à Justiça contra ele por ter agredido Helena.
Uma hora antes de embarcar, conforme divulgou o programa, ele mandou uma mensagem de celular para a estudante de Medicina Stefanie Cohen. "Ele quis me coagir a ser testemunha dele: 'Você deporia a meu favor? Só para dizer que nos relacionamos e que nunca fui um monstro para você?'", disse Stefanie à TV Globo. "Não tem como um ser humano não achar que ele é um monstro. Nós não tivemos relacionamento nenhum. Ele me estuprou, e eu consegui escapar", contou.
Novo processo
Em um novo processo, o juiz Jorge Panserini, da 1ª Vara de Porto Feliz (SP), decidiu na sexta-feira, 14, colocar o empresário no banco dos réus mais uma vez, agora por uma série de crimes praticados contra uma vítima forçada a fazer tatuagem com suas iniciais.
O magistrado ainda impôs uma nova prisão preventiva ao empresário, "como garantia da ordem pública e conveniência da instrução criminal". Segundo o juiz, restou demonstrada a "periculosidade e o risco à ordem social".
Apenas contra essa mulher vítima de Recife, o Ministério Público de São Paulo aponta que o empresário cometeu o crime de estupro cinco vezes, além de cárcere privado, tortura e lesão corporal gravíssima - esses relacionados ao uso de força para tatuar suas iniciais na mulher.
A Promotoria apontou ainda constrangimento ilegal praticado três vezes, ameaça (quatro vezes) e coação no curso do processo — para obrigar a vítima a retirar a queixa —, além de registro não autorizado de intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (oito vezes). Somadas, as penas previstas para esse conjunto de crimes podem chegar a 70 anos de prisão — cada estupro, por exemplo, tem pena prevista de 6 a 10 anos.
O empresário já era réu por lesão corporal e corrupção de menores, após ser acusado de perseguir, agredir e ameaçar a modelo Helena Gomes, no dia 3 de agosto, em uma academia de São Paulo. Como as agressões, registradas por câmeras de segurança, ocorreram na presença do filho do empresário e o menino, menor de idade, ofendeu a mulher, a promotoria considerou a prática de corrupção de menores.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.