Boletim InfoGripe mostra aumento do número de casos de covidReprodução

A Fundação Oswaldo Cruz divulgou nesta quinta-feira, 10, o novo Boletim InfoGripe Fiocruz. O documento aponta para a elevação do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com testagem positiva para covid-19 na população adulta dos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo. Contudo, o coordenador do boletim, Marcelo Gomes, frisou que ainda não se pode atribuir a alta às variantes do vírus da covid identificadas em alguns locais do país. 
Nos estados mencionados pelo InfoGripe, o número de testes positivos para covid se concentram nas faixas etárias a partir de 18 anos. A exceção fica por conta do Rio Grande do Sul, onde a maioria dos casos é de pessoas com mais de 60 anos.
“Como os dados laboratoriais demoram mais a entrar no sistema, é esperado que os números de casos das semanas recentes sejam maiores do que o observado nesta atualização, podendo inclusive aumentar o número de estados em tal situação”, explica o pesquisador da Fiocruz. 
A análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 7 de novembro.

Gomes aponta que a hipótese de uma sazonalidade da covid-19 com dois picos anuais se torna mais provável, se o cenário em alguns estados evoluir  para um outro ciclo de aumento expressivo. "Diferente do Influenza e outros vírus respiratórios com tipicamente um pico por ano, a Covid-19 pode estar se encaminhando para uma realidade na qual a gente tenha que conviver com dois momentos do aumento da sua circulação", reforça Marcelo Gomes.
A análise dos dados indica a retomada do crescimento do número de infectados pelo vírus da covid. Nas últimas quatro semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo foi de 14,8% para influenza A; 0,5% para influenza B; 26,1% para vírus sincicial respiratório (VSR); e 36,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 10,4% para influenza A; 0,0% para influenza B; 0,0% para VSR; e 74,6% Sars-CoV-2 (Covid-19).

No cenário geral, a atualização mostra estabilidade dos casos de SRAG na tendência de curto prazo (últimas três semanas) e queda na tendência de longo prazo (últimas seis semanas), com sinal de interrupção do crescimento na faixa etária de 0 a 4 anos, o que foi observado ao longo do mês de outubro.

Estados

Dez das 27 unidades federativas apresentam crescimento moderado de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Na maioria desses estados, o crescimento se concentra fundamentalmente entre crianças e adolescentes.
Em Alagoas, Amazonas, Rio de Janeiro e Pernambuco, no entanto, observa-se crescimento também na população adulta e nas faixas etárias acima dos 60 anos. No Amazonas e no Rio de Janeiro, é possível observar aumento nos casos positivos para Covid-19 na população adulta, sugerindo associação com o aumento de casos de SRAG indicado.

Nos outros estados, os dados laboratoriais ainda não permitem inferir se há predomínio de um vírus específico nessa tendência de aumento recente. No Rio Grande do Sul e São Paulo, também se observa aumento de casos positivos para Covid-19 na população adulta, porém sem refletir em aumento de casos de SRAG no agregado estadual até a presente atualização.

Capitais

Em 12 das 27 capitais foi registrado crescimento moderado na tendência de longo prazo até o mesmo período: Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Natal (RN), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Teresina (PI). Nas demais, há queda ou estabilidade na tendência de longo prazo, e de estabilidade nas semanas recentes (curto prazo).

Na maioria das capitais que apresentam algum sinal de consistência no crescimento, tal se concentra predominantemente em crianças. As exceções são Manaus, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, que apresentam crescimento nas faixas etárias acima de 60 anos.

Com relação à Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo, o dado está possivelmente associado ao aumento de positivos para Covid-19. No Rio Grande do Sul, o aumento de positivos para Sars-CoV-2 não refletiu em aumentos de SRAG em geral no estado ou na capital.
* Com informações da Agência Fiocruz de Notícias