Rede Genômica Fiocruz identifica surgimento de nova variante da Ômicron Camila Boehm/Agência Brasil

Manaus - A Rede Genômica Fiocruz descobriu mais uma variante da Covid-19. A BE.9 é uma subvariante da ômicron e é apontada como a responsável pelo recente aumento do número de casos no estado do Amazonas. Recentemente, os pesquisadores também anunciaram a descoberta da variante BA.5.3.1.
De acordo com o pesquisador Tiago Gräf, da Rede Genômica, o Amazonas tem sido um território sentinela de monitoramento da Covid-19. “O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode estar acontecendo novamente”, disse.
Gräf, que analisou os resultados encontrados pela equipe do virologista Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, lembra que os casos de Covid-19 no Amazonas estavam em ascensão desde metade de outubro e subiram de uma média móvel de cerca de 230 casos por semana para cerca de 1.000. Para investigar o que poderia estar causando esse ressurgimento da Covid-19 no estado, a equipe de Naveca sequenciou mais de 200 genomas do Sars-CoV-2 de setembro e outubro e assim identificou a nova variante.

Naveca destaca que um dos fatores que facilita a identificação de novas variantes é que o Amazonas tem a maior cobertura de sequenciamento do Sars-CoV-2 do Brasil, em função do número de casos confirmados, a qual é a medida utilizada pela OMS. “Como fazemos a vigilância em um percentual grande de casos, trabalhando em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do estado e o LACEN/AM, conseguimos fazer essas identificações de maneira precoce e explicar como se deu o surgimento das variantes”, ressalta o virologista.

A BE.9 é uma evolução da sublinhagem BA.5.3.1, ou seja, é uma Ômicron da linhagem BA.5. Naveca afirma que, em função das mutações encontradas na BA.5.3.1 do Amazonas, foi solicitado, ao comitê responsável pela classificação das linhagens (PANGOLIN, localizado no Reino Unido), que fosse criada uma designação própria para essa sublinhagem, agora chamada oficialmente de BE.9. Naveca explica que as duas subvariantes (BQ.1 e BE.9) compartilham algumas das mesmas mutações, mas que ambas não parecem provocar o aumento do número de casos graves, ao menos até o momento.