Alexandre de Moraes multou PL em R$ 22 milhõesEVARISTO SA / AFP

Após o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, impor ao Partido Liberal (PL) uma multa de R$ 22,9 milhões em razão da ação em que a legenda de Jair Bolsonaro pediu a anulação dos votos de 279,3 mil urnas no segundo turno da eleição, bolsonaristas, opositores e aliados do partido repercutiram a decisão nas redes sociais, na manhã desta quinta-feira, 24. O ministro ordenou ainda que o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, seja investigado no inquérito que apura o financiamento de movimentos antidemocráticos.
No Twitter, a frase "Faz o 22" virou a noite em alta e já acumula mais de 40 mil publicações. A oposição também fez diversos memes com a situação. "Podia ter aceitado a derrota e ficado em paz, agora perdeu e saiu com uma dívida milionária, faz o 22", comentou um usuário da plataforma. "Só rindo. 'Relatório' do PL deu ruim, então extrema direita volta pro patético pedido de golpe militar. Não cansam de passar vergonha. Faz o 22 milhões", escreveu mais um opositor do atual presidente.  "Faz o 22, de 22 milhões. A democracia agradece ao Alexandre de Moraes", publicou outro.
Com diversas montagens, os internautas comemoraram a ação do presidente do TSE e brincaram com o fato de o valor ter o mesmo número de Bolsonaro nas urnas. "Alexandre de Moraes vai fazer o Brasil perder o ranço do número 22. Se der um jeito de tirar o da bandeira do Brasil merece uma estátua", disse um usuário.
Por outro lado, os apoiadores de Bolsonaro e do PL contestaram a decisão. "Essa atitude de Moraes é apenas atitude de uma pessoa desesperada que sua única saída é multar", criticou um internauta. "Vocês aprovariam a instauração imediata do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes?", questionou outro. "22 milhões de multa por questionar? Não se trata de lado ideológico ou partidário, as condutas de Moraes são mais do que imparciais, são reiteradamente criminosas. Sr @rodrigopacheco, assuma o seu papel", afirmou mais um, cobrando uma atitude do presidente do Senado Federal e Congresso Nacional.
Além dos apoiadores, aliados do partido também se posicionaram. Bibo Nunes, deputado federal do PL pelo Rio Grande do Sul, escreveu: "O pedido bem fundamentado pelo PL tem que ter uma resposta plausível de parte do TSE, sobre os erros nas urnas eletrônicas, que não são infalíveis. Isso é o mínimo! A situação politica e judiciária no Brasil está insustentável. O Senado é quem deve se impor, neste momento. Aliás, já deveria ter feito". Ele afirmou ainda que "se o TSE quiser refazer toda a eleição, desde o primeiro turno", ele aceita. "Com as urnas auditadas e com código fonte. Precisamos democracia forte e respeito entre os poderes", completou.
Bia Kicis, deputada federal do PL no Destrito Federal, apontou que "ou bem o processo do PL no TSE é administrativo e não cabe litigância de má fé, multas e condenações ou é judicial e teria que ter sido distribuído a um dos ministros e não ter sido passado direto ao Presidente da Corte." Ela criticou ainda a ação, comparando com os atos de paralisação de rodovias lideradas por bolsonaristas. "Povo na rua pedindo respeito à Constituição e contra a volta de uma quadrilha = gópi; ir à Justiça buscar seus direitos= ato antidemocrático", comentou.
Os filhos de Bolsonaro não comentaram sobre a ação.
Entenda o caso
No último dia 22, o presidente Jair Bolsonaro e o PL entregaram ao TSE um relatório que apontava "desconformidades irreparáveis no funcionamento das urnas". Por conta disso, o grupo pediu a anulação de votos apurados mais de 279 mil urnas.

De acordo com o documento entregue pela sigla, o instituto Voto Legal indica que há problemas "irreparáveis de mau funcionamento das urnas com potencial para macular o segundo turno das eleições presidenciais de 2022". A entidade foi contratada pelo Partido Liberal, presidida por Valdemar Costa Neto, para realizar uma auditoria independente.

Por conta deste argumento, a coligação solicitou que "sejam invalidados votos das urnas em que sejam comprovadas desconformidades de mau funcionamento".
No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes, deu prazo de 24 horas para que o PL fizesse o aditamento da petição. No despacho, Moraes pediu para que o partido apresentasse a relação de urnas supostamente defeituosas nos dois turnos, alegando que as mesmas foram usadas no primeiro turno.

"As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas", apontou.
O PL, no entanto, alegou que esta seria uma "medida açodada" por envolver "milhares de candidatos" que disputaram as eleições no primeiro turno e que a proposta "traria grave tumulto processual" e se recusou a solicitar a medida para ambos os turnos.
Com isso, Moraes definiu a multa de R$ 22 milhões, ordenou a investigação de Valdemar Costa Neto sobre o financiamento de movimentos antidemocráticos e também determinou bloqueios imediatos do Fundo Partidário das legendas que compuseram a coligação de Bolsonaro.
"Os partidos políticos, financiados basicamente por recursos públicos, são autônomos e instrumentos da democracia, sendo inconcebível e inconstitucional que sejam utilizados para satisfação de interesses pessoais antidemocráticos e atentatórios ao estado de direito, à Justiça Eleitoral e a soberana vontade popular", anotou o ministro.