Mais de 12 milhões de pessoas foram contabilizadas em aglomerados subnormais em 2022Divulgação

O quarto balanço do Censo 2022, divulgado pelo IBGE nesta terça-feira (6), apontou que mais de 12 milhões de pessoas ocupam habitações irregulares em áreas urbanas. Nomeados como aglomerados subnormais, essa condição é caracterizada por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos básicos e localização em áreas restritas à ocupação. De acordo com o IBGE, essa é a primeira vez em que a pesquisa entrevista moradores nesta situação.
Até a manhã de segunda-feira (5), eram 12.337.295 pessoas no país vivendo nessa situação, cerca de 7% da população recenseada até o momento. Além disso, 1.489.003 indígenas e 1.208.702 quilombolas já foram recenseados.
Segundo a presidente do Instituto Novo Brasil, Sônia Andrade, o levantamento do Censo será excelente para a população e vai ajudar a cumprir itens que estão presentes na Agenda 2030 das Organizações Unidas (ONU). "Em 2015, a ONU criou os chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). O documento final que compila todos os objetivos, metas e os indicadores dessa ação ficou conhecido como Agenda 2030 da ONU. É por falta de dados e poucas políticas públicas que foram criadas. Só o fato dessa questão estar no Censo 2022 é sinal que essas pessoas serão vistas e muitas políticas públicas poderão advir a partir desse dado de suma importância", explica Sônia, que garante: "a falta de dados inviabiliza políticas públicas nesse sentido".
O Instituto já atendeu mais de seis mil famílias gratuitamente, com o projeto A Casa É Nossa, que forneceu a todos os seus beneficiários o título de posse de suas casas. O projeto já passou por Cantagalo, Pavão-pavãozinho, Alto da Boa Vista, Complexo do Alemão, Complexo de Manguinhos, Ladeira dos Tabajaras, Comunidade Beira Rio e Canal do Anil, Cidade de Deus e Chácara do Céu, todos na cidade do Rio de Janeiro.
IBGE prorroga Censo 2022 mais uma vez
O IBGE informou, nesta terça-feira, 6, que prorrogará novamente a coleta em campo do Censo Demográfico 2022. Com novos atrasos em campo, o prazo será estendido de dezembro até, no mínimo, o fim de janeiro. O trabalho de levantamento de informações, que teve início em 1º de agosto, estava previsto inicialmente para se estender apenas até o fim de outubro.

"Vamos ter parte do Censo em alguns estados e municípios sendo levada pro ano que vem", reconheceu Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE. "A ideia é que a gente termine no final de janeiro."

Apesar dos esforços para flexibilizar regras de contratação e melhorar a remuneração de recenseadores, o instituto permanece com dificuldades de preencher as vagas necessárias em determinados locais.
Até esta segunda-feira, 5, foram recenseadas 168.018.345 pessoas em 59.192.875 domicílios no país, o equivalente a 78,73% da população brasileira. Segundo o órgão, 48,4% eram homens e 51,6%, mulheres.

Como consequência, os dados sobre a população de estados e municípios que serão entregues ao Tribunal de Contas da União (TCU) em 26 de dezembro ainda precisarão ser completados, em parte, com estimativas populacionais feitas com base nos dados do novo censo. As informações sobre contingentes populacionais são usadas no rateio do Fundo de Participação de Estados e Municípios.

"Tínhamos expectativa de entregar preliminares do Censo. Para municípios que fecharem [a coleta], vamos conseguir fazer essa entrega. Para os que não, o IBGE vai fazer algum tipo de modelagem", contou Azeredo. Ele acrescentou que a equipe técnica ainda não definiu que tratamento será usado para completar os dados ausentes de populações para o TCU.

Segundo Luciano Duarte, gerente técnico do Censo, o IBGE está priorizando divulgar a contagem da população de municípios com menos de 170 mil habitantes. Quanto aos municípios que não tiverem dados totalmente coletados, ainda não está decidido como haverá imputação para questionários não realizados.

"Ano que vem divulgaremos o resultado definitivo", contou Duarte. O pesquisador disse que o órgão ainda não determinou como será comunicado o resultado da população de municípios maiores, mesmo que já tenham sido mapeados.

Entre os brasileiros já recenseados até o momento, 29,43% estavam na região Nordeste, 39,54% no Sudeste, 14,76% no Sul, 8,79% no Norte e 7,44%no Centro-Oeste. O estado com maior proporção de pessoas recenseadas é o Piauí (96,2%), seguido por Sergipe (91,2%) e Rio Grande do Norte (89,8%). Os menos adiantados são Mato Grosso (65,9%), Amapá (66,9%) e Espírito Santo (70,67%).