Lula e o Papa emérito Bento XVIReprodução: redes sociais

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se manifestou com pesar neste sábado, 31, sobre a morte do Papa emérito Bento XVI, aos 95 anos, em decorrência de complicações de saúde relacionadas à idade avançada. O petista recordou a visita do pontífice ao Brasil em 2007 e desejou conforto aos fiéis e admiradores de Joseph Aloisius Ratzinger.
"Recebi com tristeza a notícia da morte do papa emérito Bento XVI. Tivemos a oportunidade de conversar na sua vinda ao Brasil em 2007 e no Vaticano, sobre seu compromisso com a fé e ensinamentos cristãos. Desejo conforto aos fiéis e admiradores do Santo Padre", escreveu Lula nas redes sociais.
O encontro citado pelo presidente eleito aconteceu quando o papa esteve em São Paulo, para participar da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe. O ponto alto da vinda de Bento XVI ao país foi a canonização de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo brasileiro, no dia 11 de maio daquele ano.
Na ocasião, o Brasil, sendo um dos países com mais católicos no mundo, recebeu palavras de carinho de Bento XVI. "O Brasil ocupa um lugar muito especial no coração do papa, não somente porque nasceu cristão e possui hoje o mais alto número de católicos, mas sobretudo porque é uma nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda a Igreja", disse na época.
Morte de Bento XVI
A morte do Papa emérito foi informada neste manhã em comunicado pelo Vaticano. "Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações", disse a nota.
Joseph Aloisius Ratzinger estava desenvolvendo complicações de saúde relacionadas à idade avançada. Desde quarta-feira, 28, o Papa Francisco afirmou que seu predecessor estava muito doente e pediu aos fiéis do mundo para que se reunissem em oração pela saúde do papa emérito.
"Uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja. Recordemos, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim", disse o pontífice.
Apesar do discurso, Francisco não chegou a dar mais detalhes, mas as poucas palavras do papa sugeriram o delicado estado de saúde de Bento XVI. Logo depois da cerimônia, o pontífice visitou o antecessor.
Já na sexta-feira, 30, em um comunicado, sua condição era grave, mas estável, com atenção médica constante. Desde a renúncia, em 10 de fevereiro de 2013, o teólogo alemão vivia em um pequeno mosteiro no Vaticano.

O corpo do Papa emérito Bento XVI estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da próxima segunda-feira, 2.
Renúncia ao papado
O papa emérito renunciou ao cargo em 2013, algo que só havia sido visto há 600 anos. Desde a renúncia, ele vivia em um antigo convento dentro dos jardins do Vaticano, com o secretário dele, o arcebispo Georg Ganswein, auxiliares e uma equipe médica.
Sua renúncia, anunciada em latim em 11 de fevereiro de 2013, foi uma decisão pessoal motivada pela saúde debilitada e não à pressão dos escândalos, afirmou o ex-pontífice em um livro de memórias publicado em 2016.
"No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do ânimo, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu, de modo tal a ter que reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado", disse na época.
Como líder da Igreja Católica, Bento XVI defendeu uma linha conservadora em temas como aborto, homossexualidade e eutanásia, além de ter sido um inimigo da Teologia da Libertação nascida na América Latina.
Algumas de suas declarações provocaram grande confusão, incluindo frases sobre o Islã, o uso de preservativo contra o HIV ou a excomunhão de quatro bispos fundamentalistas em 2009.
O pontificado de oito anos de Bento XVI (2005-2013) foi marcado por várias crises, incluindo as revelações sobre abusos sexuais de religiosos contra menores de idade em vários países. Bento XVI também viu seu nome envolvido no início de 2022 no escândalo de pedofilia na Igreja da Alemanha.