Ministro das Relações Institucionais abriu o discurso de posse usando a expressão em gesto que se repetiu em outros atos na semana passadaDivulgação: Congresso
O uso de uma expressão que não abarca nem o gênero masculino nem feminino busca atingir pessoas trans e não-binárias, além de retirar a predominância do gênero masculino da língua portuguesa. Um exemplo comumente usado é como se referir a um ambiente composto por nove mulheres e um homem: usa-se "todos" e não "todas". O uso de "todes" buscaria aglomerar todos os gêneros, de forma neutra — algo que é comum em outros idiomas, mas não previsto na gramática normativa do português.
O fenômeno também acontece no setor privado. A Braskem lançou em 2018 um guia de "comunicação inclusiva" para melhorar o relacionamento entre funcionários no ambiente de trabalho. Para falar com pessoas de gêneros não-binários, o guia recomenda o uso dos artigos "x/ile/dile", em vez de "a/ela/dela" ou "o/ele/dele". O material também orienta os funcionários a evitarem expressões como "homossexualismo" (o sufixo "ismo" indica doença) e "opção sexual" e a utilizarem, por outro lado, os termos "homossexualidade" e "orientação sexual".
Ainda assim, há apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que criticam o uso da linguagem. "Não preciso nem dizer que se o governo federal adotar o uso do pronome neutro em cerimônias oficiais, eles vão alimentar cada vez mais o bolsonarismo, né?", questionou um influenciador petista com mais de 200 mil seguidores no Twitter. "Nada contra, mas temos 1001 problemas pra resolver nos próximos 4 anos, e um deles é evitar dar narrativa pra essa gente."
Tramitaram em todos os Estados do país, com exceção de Roraima, Piauí e Tocantins, projetos de lei que buscam proibir o uso da linguagem neutra. Propostas também avançaram em diversas Câmaras Municipais pelo Brasil.
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