STF multa Telegram em R$ 1,2 milhão por descumprir bloqueio de contaMarcello Casal Jr / Agência Brasil
Em seu despacho, o ministro ressaltou a gravidade da crise humanitária dos Yanomamis e vê que a omissão das autoridades colaboraram para o agravamento da situação.
"Um quadro de absoluta insegurança dos povos indígenas envolvidos, bem como a ocorrência de ação ou omissão, parcial ou total, por parte de autoridades federais, agravando tal situação", completa.
O ministro analisou os dados enviados pelo governo federal e as procurações do Ministério Público Federal (MPF) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Barroso alerta que houve vazamento de operações para a retirada dos garimpeiros determinada pela Justiça e aponta indícios de retirada de aeronaves de garimpeiros do pátio da Polícia Federal, mudanças de planejamento das Forças Armadas na área Yanomami e falta de controle do tráfego aéreo em Roraima.
Os nomes das autoridades não foram divulgados pelo ministro. Há expectativa que os nomes de Bolsonaro, da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e do ex-advogado-geral da União, Bruno Bianco, esteja entre os investigados. Diretores e comandantes da Funai e Ibama também devem ser ouvidos.
De acordo com o texto, o STF tomou decisões que obrigava o governo a adotar medidas de enfrentamento da Covid-19 em terras Yanomami e determinou a retirada de garimpeiros da região. Na época, a Suprema Corte afirmou que os planos eram necessários para a ‘proteção da vida, saúde e segurança’ dos Yanomami.
Entretanto, a Corte vê inconsistências entre as respostas de Bolsonaro e os trabalhos feitos na terra Yanomami. A região vive em crise humanitária, com registros de casos de malária, desnutrição e fome, causados pelo garimpo ilegal na região.
Atuação contra garimpeiros
Ele ainda quer que o governo tome medidas imediatas para proteção à vida, saúde e segurança das comunidades indígenas. Barroso ainda garante a cobertura necessária em crédito extraordinário para os investimentos na região.
Crise humanitária
As mortes foram causadas, na maioria dos casos, por desnutrição, pneumonia e diarreia. As vítimas são crianças de um a quatro anos, e os dados são referentes ao ano de 2022.
Ainda de acordo com a pasta, há uma estimativa de que, ao menos, 570 crianças foram mortas pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome no território durante o governo Bolsonaro.
Além das mortes, em 2022 foram confirmados cerca de 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, que estão distribuídos entre 37 Polos-base. As faixas etárias mais afetadas são de pessoas de 50 anos, seguido de jovens de 18 a 49 e crianças de 5 a 11 anos.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.