Ministra Sonia Guajajara concedeu entrevista coletiva ao lado de lideranças Fernando Frazão/Agência Brasil
A ministra fez sobrevoos nas regiões de Homoxi e Xitei, que são duas das áreas com maior presença de garimpeiros, e disse que não conseguiu pousar em comunidades mais isoladas por falta de segurança. Segundo ela, os garimpeiros estão concentrados nas vilas maiores como forma de proteção.
"Tentamos pousar em dois lugares e não conseguimos, por conta de insegurança. Muitos garimpeiros, ali dentro, já estão sabendo que está tendo essa determinação para retirada deles. E eles estão fugindo de garimpo menores e se concentrando em garimpos maiores, estão ficando todos juntos", afirmou.
A ministra disse que, em alguns locais, já não é mais possível "discernir o que é a comunidade indígena do que é o garimpo".
Comunidades isoladas
"São 180 comunidades [com] prioridade, que estamos precisando atender. Essas 180 comunidades estão sem atendimento, que fazem parte também do Amazonas, principalmente Barcelos".
A ministra também falou sobre a morte de um bebê indígena, que não pôde ser removido para Boa Vista por causa do mau tempo, e do assassinato de três indígenas por garimpeiros. Pelo menos um corpo foi entregue à família e dois ainda precisam ser resgatados. Um deles foi morto na região do Homoxi e os outros dois na região de Parima. A Polícia Federal (PF) cumpre diligências no território para investigar os crimes.
Medidas
"A gente está entendendo que a demanda vai aumentar. A intenção nossa é que esse hospital possa dar esse suporte, até porque, hoje, um terço das internações aqui no Hospital da Criança, no município [Boa Vista], são de yanomami. E a Casai [Casa de Saúde Indígena] está no seu limite".
No balanço desta segunda-feira, o COE informou que há 598 indígenas na Casai, entre pacientes e acompanhantes. No Hospital da Criança de Boa Vista, há 50 indígenas internados, sendo quatro deles na Unidade de Terapia Intensiva. A previsão do governo é que nos próximos dias mais nove equipes da Força Nacional do SUS desembarquem no território. O total de equipes deve chegar a 25 até o fim de semana.
Alimentos
"Vamos começar um apoio para que algumas aldeias, que estão um pouco mais tranquilas, comecem a produzir suas roças. Eles não querem mais consumir as cestas que estamos enviando. Querem produzir, plantar sua mandioca, sua banana. E isso foi solicitado", explicou.
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também deve atuar na perfuração de poços artesianos e construção de cisternas na Terra Indígena Yanomami para garantir abastecimento de água potável, uma vez que a contaminação dos rios por mercúrio, usado no garimpo, tem inviabilizado o consumo de água pelos indígenas, além de ser fonte de doenças.
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