O senador Flávio Bolsonaro disse que o pai, Jair Bolsonaro, não se lembra da reunião que discutiu um possível golpe de EstadoFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Brasília - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) minimizou a série de manifestações contraditórias do colega Marcos do Val (Podemos-ES) e, à colunista Bela Megale, do jornal 'O Globo', afirmou que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse "não se lembrar" da reunião convocada com o objetivo de elaborar e executar golpe de Estado, que passaria pela anulação do resultado das eleições presidenciais de 2022, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor.

"Meu pai falou para mim que nem lembrava dessa reunião. É uma coisa sem nenhum fundamento, sem pé nem cabeça. Eu até usei essa expressão com ele (Bolsonaro) e disse: 'Para mim, se for verdade, seria um crime impossível'. Não tem por que", disse o senador.

Na intenção de blindar o pai, Flávio voltou a atenção para o ex-deputado federal Daniel Silveira. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos antidemocráticos e crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos poderes e coação em processo judicial, o ex-deputado federal foi preso há sete dias por descumprir medidas cautelares e expulso do PTB-RJ nesta quarta-feira, 8.
"Se for verdade o que o Marcos está falando, foi coisa do Daniel Silveira, sugestão dele que não foi para frente, porque não tinha que ir. Uma coisa absurda, gravar ministro do Supremo", disse. No Senado, na semana passada, Flávio confirmou a existência de uma reunião entre Do Val e Jair Bolsonaro.

Marcos do Val afirmou que houve uma reunião em dezembro entre ele, o então presidente Jair Bolsonaro e Daniel Silveira, para articular um plano golpista. O objetivo era gravar o ministro Alexandre de Moraes sem autorização em busca de provas que pudessem comprometê-lo e invalidar o resultado da eleição de 2022.

O senador, inicialmente, disse que Bolsonaro tentou "coagi-lo" a dar o golpe, mas depois mudou de versão e disse que o ex-capitão permaneceu em silêncio no encontro. Mesmo com as contradições do senador, a presença de Bolsonaro no encontro continua um fator sem variação em todas as versões delatadas.

Flávio defendeu que parlamentares bolsonaristas que seguem mirando o STF se dediquem a fazer oposição ao governo Lula.

"Não tem que ficar brigando com ministro do STF. Tem que fazer oposição ao que for ruim para o país que o governo Lula mandar para o Congresso. É preciso se posicionar, discursar contra, apontar as contradições do governo, como coisas que prometiam na campanha e estão fazendo o contrário. É guerra política e não institucional", disse Flávio.