Segunda caixa não possui materiais de diamantesReprodução

Um novo recibo atesta que o governo federal foi presenteado com outra caixa de joias vindas da Arábia Saudita. A chegada dos presentes no Palácio do Planalto aconteceu em novembro do último ano. A informação foi publicada em uma reportagem do ''Fantástico''.
A situação chama a atenção porque em outubro de 2021, uma caixa de joias que também vinha do país árabe foi retida na alfândega do aeroporto de Guarulhos-SP. Os materiais (todos de diamantes) têm valor estimado em R$ 16,5 milhões.
A caixa estava em posse de Marcos André dos Santos Soeiro, então assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Ela está até hoje no cofre da Receita em Guarulhos-SP. O governo federal já tentou retirar o material por meio de representantes de pelo menos três ministérios, mas não obteve sucesso.
Sobre a caixa que foi entregue ao governo federal (foto), Albuquerque informou que ela ficou mais de um ano retida no Ministério de Minas e Energia. E, diferente da primeira, ela não possui materiais de diamante.
Entenda o caso

Segundo reportagem de "O Estado de S. Paulo", um primeiro pacote de joias, avaliado em R$ 16 milhões, foram entregues pelo governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro, que visitara o país em outubro de 2021. Entre os presentes, estavam um anel, colar, relógio e brincos de diamantes.

Entretanto, ao chegar ao Brasil, as peças foram apreendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto não conseguiu reavê-los, já que a legislação brasileira determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil deve ser declarado.

Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.

Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo”. Ele teria argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para a próxima gestão.
Defesa de Bolsonaro
Após evento nos Estados Unidos, no sábado, 4, Bolsonaro disse que não pediu nem recebeu qualquer tipo de presente em joias do governo da Arábia Saudita.

"Agora estou sendo crucificado no Brasil por um presente que não recebi. Vi em alguns jornais de forma maldosa dizendo que tentei trazer joias ilegais para o Brasil. Não existe isso", afirmou.

Ainda segundo ele, a Presidência notificou a alfândega. "Até aí tudo bem, nada demais. Poderia, no meu entender, a alfândega ter entregue. Iria para o acervo, seria entregue à primeira-dama. E o que diz a legislação? Ela poderia usar, não poderia desfazer-se daqui. Só isso, mais nada", justificou.