Mais de 20 milhões de brasileiros têm algum tipo de doença renal crônica, mas muitos não têm consciência do problemaDivulgação

Rio - Mais de 20 milhões de brasileiros têm algum tipo de doença renal crônica. No entanto, uma pequena parcela tem ciência do problema, fato que motivou a ação da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) para celebrar o Dia Mundial do Rim, na quinta-feira, 9. Com participação de regionais da SBN, uma grande mobilização nacional oferecerá exame de creatinina para todos e orientação para cuidar dos vulneráveis.
Quem já recebeu o diagnóstico positivo de doença renal crônica sofre com falta de vagas para fazer hemodiálise no Sistema Único de Saúde (SUS). Para pessoas que não fazem ideia ou tem informação sobre o problema, o exame de creatina pode elucidar muitas dúvidas e prevenir o desenvolvimento de doenças renais. 
A creatinina é uma substância presente no sangue que funciona como um marcador para avaliar o funcionamento dos rins. O exame, feito a partir de uma amostra simples de sangue, consiste em verificar o nível de creatinina. Se ele estiver alto ou em elevação, há indícios de problemas renais.
"Este exame é uma alternativa simples e viável para conseguirmos detectar a doença precocemente e dessa forma aumentar as chances de tratamento adequado para retardar a progressão para estágios mais avançados", disse José Moura Neto, nefrologista e presidente da SBN.
Crise da diálise no Brasil
O "estágio mais avançado" ao qual Moura Neto se refere é a dependência de terapia renal substitutiva, que é feita por meio de hemodiálise ou transplante. O número de pacientes renais crônicos que aguardam vaga para realizar diálise na rede pública de saúde é alto e tende a se aumentar se não houver uma ampla reformulação desse setor.
"Estamos vivendo uma crise humanitária importante que a sociedade precisa tomar conhecimento. Precisamos urgentemente melhorar o financiamento do setor para ampliar o número de vagas e serviços de diálise para atender aqueles que estão mais vulneráveis", alertou Neto.
A estratégia de detecção precoce e a falta de vagas foram notificadas à Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, logo após a sua posse. A Sociedade Brasileira de Nefrologia solicitou uma audiência para discutir a crise na diálise, colocando membros e especialistas à disposição para a elaboração de planos e políticas públicas que tragam mais sustentabilidade ao setor e garanta aos brasileiros com doença renal crônica o direito de assistência à saúde assegurado na Constituição.