Vinicius Saavedra é preso pela PM quatro dias após esfaquear e matar Felipe SouzaReprodução

A Polícia Militar (PM) prendeu no domingo, 12, o artista Vinicius Eduardo Santos Saavedra, de 23 anos, investigado por assassinar a facadas o fotógrafo Felipe Ary de Souza, 25, após uma festa dentro de um apartamento, no Centro de São Paulo. A vítima colaborava com o coletivo "Jornalistas Livres". Briga por ciúmes teria motivado o crime.
A prisão ocorreu após uma abordagem, onde o Vinicius confessou a autoria do crime. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), após a detenção, ele foi levado para o 3º Distrito Policial (DP) Campos Elíseos. "As investigações prosseguem para o devido esclarecimento dos fatos", informou em nota a SSP.
O homicídio aconteceu na última quarta-feira, 8, no apartamento em que Vínicius morava com a namorada, Ivis Scarlet, 23, no Centro da capital paulista. O fotógrafo — conhecido como Terremoto — e um amigo, identificado apenas como Pepê, participavam de uma confraternização no local.
De acordo com o depoimento da namorada do suspeito, todos os quatro beberam e consumiram drogas na residência. Uma confusão teria começado após Felipe flertar com a jovem, dando início a uma discussão com Vinicius, que evoluiu para uma briga com facas.
Segundo o boletim de ocorrência, quando a briga começou, Pepê fugiu do apartamento enquanto Ivis ligou para a PM.
A namorada de Vinicius não foi ferida. Ela foi ouvida como testemunha pela investigação e acabou liberada. Em um áudio atribuído a ela que circula nas redes sociais, a jovem diz que "o Terremoto tentou matar" seu namorado.
Uma câmera de segurança registrou o momento em que o casal deixou o prédio, com destaque para o Vinicius que estava com a roupa ensanguentada. Cerca de 20 minutos depois, a Polícia Militar chega ao local.
Um dos agentes chutou a porta, que estava trancada, e entrou no apartamento. Felipe foi encontrado sozinho e ferido. Ele foi levado para a Santa Casa de Misericórdia, onde confirmaram o seu falecimento.
Uma faca e um canivete foram apreendidos pela PM dentro da residência e iriam passar por perícia. A SSP não informou se a Polícia Técnico-Científica periciou o apartamento do casal após o crime.
Vídeo aqui
Após o crime, o Vinicius ainda chegou a gravar vídeos e compartilhá-los nas redes sociais. Em uma das gravações ele afirma: "matei sim o moleque". Como justificativa, ele diz que foi para se defender após terem discutido e brigado.
O artista ainda disse que Felipe havia paquerado sua namorada, uma inglesa. Ele também contou que foi esfaqueado pelo fotógrafo, mostrou cortes na mão e na barriga.
"Uma pessoa que literalmente só se defendeu" (...) Eu matei sim o moleque. Eu só defendi minha casa e minha mulher. Eu fui furado também, dentro da minha própria casa. Foi legítima defesa, o cara tentou me matar na minha própria casa", afirmou.
O suspeito gravou outro vídeo dizendo que na sexta-feira, 10, foi ao apartamento com a namorada retirar os móveis do local. Eles teriam deixado de morar no prédio. No domingo, ele retirou todos os vídeos de sua página.
Maira Pinheiro, advogada contratada pela família da vítima para acompanhar a investigação da polícia sobre a morte do fotógrafo, contou ao portal "G1" que eles ainda não sabem "se ele ainda estava com vida quando os policiais arrombaram o apartamento".
"Ele foi levado à Santa Casa. Os policiais ingressaram no apartamento 20 minutos depois de o casal sair. Acreditamos que foi já sem vida", disse.
Pepê rapaz deve ser ouvido como testemunha nesta segunda pela investigação, para contar o que aconteceu dentro da residência.
Felipe Ary de Souza
O fotógrafo se identificava como "Terremoto Souza" no Instagram, onde tinha quase 2 mil seguidores que acompanhavam suas fotos. Ele também colaborava com o coletivo “Jornalistas Livres”, que produz conteúdo jornalístico nas redes sociais.
De acordo com o grupo, o jovem participou do movimento de estudantes secundaristas que ocupou escolas em protesto contra a reorganização escolar proposta pela gestão do governador Geraldo Alckmin em 2015.
O corpo de Felipe foi velado e enterrado no último sábado, 11, no Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da capital. Segundo a família do fotógrafo, ele apresentava um corte profundo no pescoço.
"O sonho dele era ser fotógrafo mesmo. E foi se aperfeiçoando e foi natural...", contou a irmã de Felipe, Katequile Souza. "(...) Por mais que esse cara fez, tudo isso dá raiva, mas a gente precisa buscar a Justiça do homem", concluiu.
Redes sociais

Desde o dia do crime, amigos e admiradores do trabalho do fotógrafo lamentaram a sua partida nas redes sociais. "Amigo de foto e companheiro de cobertura. Fará falta, imensa", disse um colega de profissão.
 
"Saiba que aqui você demonstrou liderança, força, resiliência e felicidade. É horrível saber que você foi assassinado, tornando estatística, mas jamais você se resumirá a isso", escreveu um amigo de Felipe.  
 
Uma outra amiga do profissional relembrou o momento em que eles se conheceram e afirmou que cuidará do seu legado. "Tu é o @terremotosouza, o maior abalo da história da fotografia. Vou cuidar muito bem das suas fotos, eu prometo. Seus sonhos estão com a gente e você não será esquecido. Te amo meu rei, descansa bastante e se puder, cuida da gente aqui", escreveu outra amiga do profissional.
 
"Queria conseguir escrever de tanta ideia daora que trocamos quando ele colava em casa no meio da tarde e ficava até o dia virar noite. Mas eu não tô conseguindo nem acreditar, que dirá escrever. Vá em paz, meu mano. Não tem ideia da falta que você vai fazer", lamentou outro conhecido.