Kátyna Baía e Jeanne Paolini desembarcaram em BrasíliaReprodução/Rede Social

Presas injustamente na Alemanha no mês passado, Kátyna Baía e Jeanne Paolini retornaram ao Brasil na sexta-feira, 14. O casal passou cerca de 38 dias detidas após a fiscalização do aeroporto de Frankfurt encontrar 40 kg de cocaína nas malas. Segundo investigação da Polícia Federal, as etiquetas das bagagens foram trocadas durante o embarque em Guarulhos ao destino europeu. 
Durante entrevista exibida pelo Fantástico no domingo, 16, a dupla contou as dificuldades vividas enquanto confinadas, além do alívio de retornarem a solo brasileiro. "Ao chegar no Brasil, eu me senti brasileira, me senti acolhida, me senti repatriada", disse Baía para a reportagem. 
Assim que as drogas foram encontradas, elas foram separadas, levadas a salas de interrogatório e algemas pelos pés e mãos. Foram cinco horas de espera até uma intérprete aparecer e explicar toda a situação envolvendo a acusação de tráfico internacional. O casal ainda disse que passou por frio, fome e "humilhante revista íntima". No dia seguinte foram levadas até a penitenciária Frankfurt III, ou JVA III, e isoladas em celas individuais.
"Nós fomos transferidas para um prédio provisório, onde nós passamos a noite. Um local muito frio, uma cela suja. Ficamos sem comer. E nesse lugar tinha pessoas gritando, batendo na porta em vários idiomas. A gente não dormiu. Desde aquele dia nós já não dormimos mais.", conta Jeanne.
As duas só se encontravam nos momentos de coabitação coletiva. "Nós convivíamos ali com pessoas de crimes diferentes. Assassinas, assassinas em série, incendiárias, de todo tipo de gente. Então ele era um ambiente insalubre de todas as maneiras. Mentalmente, fisicamente, e nós temíamos por nossa segurança", explica Kátyna sobre as situações vividas no encarceramento. 
As brasileiras também acrescentam que tiveram dificuldades para acessar medicamentos de uso contínuo. Usuária de remédios desde uma cirurgia para correção de um aneurisma cerebral, Kátyna Baía também afirmou sofrer com dores crônicas. "Em um segundo momento consegui falar com outra médica, que não é especialista, ela resolveu mudar o princípio ativo do meu medicamente e a miligramagem. Tinha dias que eu tomava três medicamentos, outros tomava quatro", conta. 
Momento de alívio
Com a ajuda da embaixada brasileira em Frankurt e da Polícia Federal, que conseguiu imagens de funcionários da área restrita do Aeroporto de Guarulhos trocando as etiquetas, a justiça alemã aceitou o pedido de soltura e liberou as goianas para voltaram ao Brasil. 
"Me chega uma policial falando em alemão e eu não compreendia. Falei 'em inglês por favor'. Aí ela falou 'você está livre, recolha suas coisas que você está livre'. Já saí correndo pra cela da Jeane e comecei a gritar", disse Kátyna aliviada. 
Assim que foram liberadas, elas se reencontraram com familiares, que estavam a caminho da Alemanha para acompanhar o caso de perto, e embarcaram juntas em direção ao Aeroporto Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek. 
Busca por reparação
Segundo a advogada Luna Provázio, presente desde o início da confusão, o casal irá buscar seus direitos na justiça brasileira contra a administração do Aeroporto de Guarulhos.
"Nós precisamos acionar agora a questão da reparação dos danos materiais e morais que tiveram. Elas passaram por humilhações graves na Alemanha. Elas foram acusadas por crimes graves lá. Se não fossem as provas produzidas pela Polícia Federal o desfecho não seria igual ao que foi", afirmou Provázio.