Em oito anos, o Brasil registrou 335 mil mortes em acidentes de trânsitoDivulgação/rede social

Uma pesquisa do aplicativo Gringo realizada em parceria com o Centro de Liderança Pública apontou que os acidentes de trânsito causam um prejuízo de cerca de R$ 20 bilhões por ano aos cofres públicos. O cálculo levou em consideração o modelo desenvolvido por órgãos internacionais e utilizado pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), que leva em conta a sobrevida esperada dos acidentados e a trajetória de renda privada esperada dos mesmos. Para os cálculos de rendimentos, foram utilizados os dados do DataSUS e da Pnad Contínua de 2020.

Os 335.424 óbitos causados pelo trânsito entre 2012 e 2020 poderiam gerar R$ 180 bilhões de reais aos cofres públicos, cerca de 0,2% do PIB brasileiro em 2022, segundo a pesquisa.

“Diante do alto custo para o governo, os danos causados pelas perdas de vida no trânsito afetam toda a sociedade”, explica Joelson Vellozo, Diretor de Public Affairs do Gringo.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), acidentes de trânsito ou lesões relacionadas foram a sétima principal causa de morte em países de baixa renda e a décima em países de classe média-baixa.

Ainda de acordo com a OMS, 1,3 milhão de pessoas são mortas no trânsito ao redor do mundo, e cerca de 50 milhões sofrem lesões decorrente desses acidentes a cada ano. Essa é a principal causa de morte de pessoas de 5 a 29 anos, sendo que uma em quatro mortes no trânsito é de pedestres ou ciclistas.
O Brasil está reduzindo o número de mortos no trânsito. Em 2012, foram 24,83 óbitos por grupo de 100 mil habitantes e em 2019, a taxa de mortalidade caiu para 16,05/100 mil habitantes.

"Um conjunto de políticas públicas, como campanhas educativas, tolerância zero ao álcool na direção, além da redução na circulação de veículos devido à crise econômica entre 2014 e 2016, contribui para a tendência de queda. A partir de 2020, é provável que a taxa seja ainda mais reduzida, devido às restrições de mobilidade durante a pandemia”, explica Joelson.

O estudo do CLP aponta que os homens têm quatro vezes mais chances de perderem a vida no trânsito do que as mulheres . De 2012 a 2020 foram 277.487 óbitos masculinos contra 57.937 femininos , enquanto a idade média dos óbitos é de 39 anos para os homens e 41 anos para as mulheres.
A pesquisa ainda mostrou os municípios brasileiros que mais apresentam mortalidade no trânsito. A líder no quesito é Sobral (CE) com 114,37 mortes por 100 mil habitantes, seguida de Redenção (PA), com 94,67; Cacoal (RO), com 91,91; Arapiraca (AL), com 73,38; Santo Antônio de Jesus (BA), com 62,51.
A menor mortalidade no trânsito é de Santa Luzia (MG), com nenhuma morte por 100 mil habitantes, seguida de Poá (SP), com 0,84; São João de Meriti, com 0,85; Novo Gama (GO); com 0,85, e Ibirité (MG), com 1,10.

Entre os estados, o Mato Grosso é o que apresenta maior índice de mortalidade no trânsito (31,51/100 mil habitantes), seguido de Tocantins (30,81/100 mil) e Piauí (29,02/100 mil).

Entretanto, quando o assunto é morbidade, ou seja, internações provocadas por acidentes de trânsito, o Estado mais perigoso é Goiás (GO) com 255,22 internações por 100 mil habitantes em 2023, enquanto o Rio Grande do Sul (RS) é o que apresenta menos casos, com 36,06/100 mil.

Como é possível reduzir a mortalidade no trânsito?

Segundo a OMS, a velocidade está diretamente relacionada à probabilidade de acidente e às suas consequências. No choque entre carros, o risco de morte para os ocupantes é de 85% em colisão a 65 km/h.

Além disso, dirigir ou até mesmo conduzir uma bicicleta sob influência de álcool ou substâncias psicoativas aumenta o risco de acidente. A OMS afirma que o risco de uma pessoa que utilizou anfetaminas é cinco vezes maior do que alguém que não o fez.

Ainda segundo a organização, o uso correto de capacetes reduz em 42% o risco de mortes e 69% o risco de lesões graves em acidentes de trânsito. O cinto de segurança também salva vidas, reduzindo o risco de morte em até 50% para os ocupantes dianteiros e em 25% para quem viaja no banco de trás.
Segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP), em 2022 foram registrados 5.651 óbitos no trânsito no estado, sendo que 38,94% das mortes aconteceram em acidentes envolvendo motocicletas.

O uso de celulares também causa preocupação para os agentes de segurança no trânsito. Usar o aparelho enquanto conduz aumenta em até quatro vezes as chances de envolvimento em acidentes. Além de tirar os olhos da via, reduzindo o tempo de reação para frear ou realizar uma manobra evasiva, o condutor pode acabar mudando o carro de faixa e causar um acidente.

Atualmente, diversos modelos têm centrais multimídia que podem reproduzir mensagens e ligações, mas, mesmo assim, ainda representam risco de acidente. Alguns veículos contam até com o ar-condicionado controlado pela central multimídia, e nesses casos, o ideal é deixar que o carona controle, ou estacionar em local seguro.

O comportamento impróprio dos usuários da via atrapalha muito a segurança, mas a falta de conservação das ruas, avenidas e estradas. Até mesmo falhas no projeto causam acidentes. Diversas rodovias federais e estaduais não possuem iluminação suficiente ou passarelas para pedestres, sem falar no asfalto esburacado.