Lula e Narendra Modi conversaram sobre a reunião de cúpula do G20Ricardo Stuckert/PR

Após o encerramento da 18ª Cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20 neste domingo, 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e o parabenizou pelo evento e pela grande competência com que o país presidiu o grupo. Lula ressaltou, em particular, a prioridade conferida pela presidência indiana a fazer ouvir a voz dos países em desenvolvimento e o consenso expresso pela declaração de líderes. "Não nos interessa um G20 dividido", destacou.

No encontro, eles fizeram um balanço sobre a Cúpula e destacaram os 75 anos de relações diplomáticas entre os dois países, celebrados neste ano.

Os governantes destacaram o lançamento do Fórum Empresarial Brasil-Índia e discutiram formas de aproximar ainda mais cientistas e empresários, estimulando o intercâmbio tecnológico, o comércio e os investimentos entre os dois países. Ressaltaram, nesse sentido, o grande potencial de cooperação técnica e de comércio nas áreas espacial e de aviação e de biocombustíveis.

O Brasil e a Índia são países democráticos, de vasta extensão territorial e com grande população. As semelhanças entre os dois países e a intensidade do relacionamento contribuem para a coordenação em mecanismos inter-regionais e foros plurilaterais, como o G20; o BRICS; o Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (Ibas); o G4, sobre reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (formado por Alemanha, Brasil, Índia e Japão); e o Basic, sobre mudança do clima (formado por Brasil, África do Sul, Índia e China).

Na reunião, os dois líderes se comprometeram a promover diálogos de alto nível entre os três parceiros do Ibas e ressaltaram a importância estratégica do fórum, criado em 2003, na proteção e avanço dos interesses do Sul Global. O Brasil planeja realizar reunião ministerial do Ibas à margem da Assembleia Geral da ONU, no dia 22, em Nova York.

Lula e Narendra Modi também comentaram sobre o começo da presidência brasileira do G20 a partir de dezembro, que segue até novembro de 2024, mês em que o país vai sediar a Cúpula do grupo de países no Rio de Janeiro. O Brasil tem o intuito de aprofundar a ênfase na dimensão social do desenvolvimento sustentável, apresentado pela presidência indiana. O grande mote será a redução das desigualdades.

Biocombustíveis
O Brasil, a Índia e os Estados Unidos lançaram no sábado, 9, a Aliança Global para Biocombustíveis, à margem da Cúpula do G20. O objetivo dos três países, que são os principais produtores de biocombustíveis no mundo, é fomentar a produção sustentável e o uso desses produtos.

A iniciativa ainda reúne outros 19 países e 12 organizações internacionais — e segue aberta a novas adesões. O lançamento é resultado do programa nacional indiano de biocombustíveis, que inclui desde a adoção de 20% de mistura de etanol na gasolina até a fabricação de automóveis flex, além do desenvolvimento e produção de biocombustíveis de segunda geração. No processo de desenvolvimento dessa política, Brasil e Índia trabalharam juntos tanto no nível governamental como no nível acadêmico, tecnológico e empresarial.

No ano passado, o comércio bilateral entre Brasil e Índia atingiu recorde e totalizou US$ 15,2 bilhões. A Índia é o quinto maior parceiro comercial do Brasil no mundo (segundo na Ásia) e a quinta maior origem das importações brasileiras (US$ 8,85 bilhões).

Há a oportunidade de lançamento de uma parceria robusta na área de aviação. A Embraer está participando com o C390 de licitação do governo indiano para a compra de 40 aeronaves de transporte militar.