A Polícia Federal (PF) apreendeu dez celulares, três computadores, uma arma e um HD externo na casa de Giancarlo Gomes Rodrigues, em Salvador, Bahia. Ele foi alvo de buscas na operação deflagrada nesta segunda-feira, 29, que investiga um grupo criminoso que supostamente atuava dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas através de celulares e tablets sem autorização judicial. As informações foram divulgadas pelo portal "G1".
Na mesma ação, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve o seu gabinete na Câmara Municipal do Rio e residência, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, alvos de mandados de busca e apreensão nas primeiras horas do dia. Em um endereço ligado a ele, foi apreendido um computador que está listado entre o patrimônio da agência de inteligência.
Além do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e Giancarlo Gomes Rodrigues, também foram alvos Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora de Carlos na Câmara do Rio, e Priscila Pereira e Silva, assessora de Alexandre Ramagem na Câmara dos Deputados.
"Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público", diz a PF em nota.
Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ (1), Rio de Janeiro/RJ (5), Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1).
Giancarlo Gomes Rodrigues é casado com uma servidora ativa da Agência e a Polícia Federal apura agora quem usava o computador na residência. Além de ter trabalhado com Ramagem na Abin, o nome do militar aparece na internet ainda vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo do então presidente Michel Temer.
Abin 'paralela'
A PF apura a invasão clandestina da rede de infraestrutura de telefonia do país e o uso de técnicas próprias de investigação policial sem a devida autorização judicial, com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
Segundo a investigação, o crime envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis — celulares e tablets, por exemplo — sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.
Ainda de acordo com a corporação, durante a primeira operação, em outubro de 2023, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.
O monitoramento irregular teria ocorrido sob a gestão de Alexandre Ramagem na agência — entre julho de 2019 e abril de 2022 —, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e teria mirado também desafetos do ex-presidente.
Software espião
O FirstMile permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
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