Agência Brasileira de Inteligência (Abin)Antonio Cruz/Agência Brasil

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) informou nesta segunda-feira, 29, que iniciou uma apuração sobre a suspeita de que equipamentos da agência foram encontrados com investigados da Operação Vigilância Aproximada. Entre o material, um computador estaria em posse do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O gabinete do parlamentar na Câmara Municipal do Rio e sua residência, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, foram alvos de mandados de busca e apreensão nas primeiras horas do dia.
A ação é um desdobramento da operação deflagrada em outubro do ano passado, que investiga um grupo criminoso que supostamente atuava dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas através de celulares e tablets sem autorização judicial.
Outros dez celulares, três computadores, uma arma e um HD externo na casa de Giancarlo Gomes Rodrigues — assessor do ex-diretor da agência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), alvo de um dos desdobramentos da mesma operação deflagrada na semana passada.
Na ação desta segunda, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis/RJ (1), Rio de Janeiro/RJ (5), Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1).
Nas redes sociais, o advogado de Jair Bolsonaro e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Fabio Wajngarten afirmou que o "nenhum computador de quem quer que seja foi encontrado em posse" do vereador do Rio. 
"Vamos arrumar a bagunça de fakenews. O presidente Jair Bolsonaro saiu para pescar as 5:00 com filhos e amigos bem antes de qualquer notícia. Não foi encontrado nenhum computador de quem quer que seja na residência ou gabinete do vereador Carlos Bolsonaro", disse Fábio Wajngarten.
Além do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e Giancarlo Gomes Rodrigues, também foram alvos Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora de Carlos na Câmara do Rio, e Priscila Pereira e Silva, assessora de Alexandre Ramagem na Câmara dos Deputados.
"Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público", diz a PF em nota.
Abin 'paralela'
A PF apura a invasão clandestina da rede de infraestrutura de telefonia do país e o uso de técnicas próprias de investigação policial sem a devida autorização judicial, com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.

Segundo a investigação, o crime envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis — celulares e tablets, por exemplo — sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.
Ainda de acordo com a corporação, durante a primeira operação, em outubro de 2023, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.
O monitoramento irregular teria ocorrido sob a gestão de Alexandre Ramagem na agência — entre julho de 2019 e abril de 2022 —, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e teria mirado também desafetos do ex-presidente.

Software espião
O FirstMile permite o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação cria históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
De acordo com as investigações, o sistema de geolocalização usado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida diversas vezes com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos.
*Com informações da Agência Brasil