Presidente do PL Valdemar Costa NetoAFP

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quinta-feira, 8, por porte ilegal de arma de fogo. Ele é alvo de um mandado de busca e apreensão em uma ação que investiga a tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Segundo o blog da jornalista Camila Bomfim, do portal G1, o político está na sede da PF para as formalidades do flagrante. Ainda não há informação se Valdemar seguirá preso ou se será liberado após prestar esclarecimentos.
A arma encontrada no endereço do presidente do PL estava com a documentação vencida e registrada no nome do filho. Na casa do dirigente, também foi apreendida uma pepita de ouro bruta que será encaminhada ao Instituto Nacional de Criminalística (INC) para ser periciada.
Após a prisão, o vice-presidente da legenda, deputado Capitão Augusto (SP), emitiu uma nota à imprensa dizendo que o dirigente da sigla conta com "apoio incondicional e confiança irrestrita" de todos os filiados.
"Sob sua orientação, o partido não apenas se consolidou como o maior partido do Brasil, mas também se consolidou como um bastião de valores conservadores, representando uma voz poderosa para muitos brasileiros. Sua habilidade em navegar pelos desafios políticos com sabedoria e integridade reafirma sua posição como um líder excepcional em nosso país", disse.
Capitão Augusto afirmou ainda que é fundamental, em meio a um cenário desafiador, reconhecer o "papel significativo e a liderança excepcional" de Valdemar na presidência do PL. "Sua habilidade para guiar o partido através de tempos complexos demonstra não apenas sua visão estratégica, mas também sua dedicação incansável à causa conservadora", enfatizou.

O parlamentar também destacou a importância de preservar "os princípios de ampla defesa e do contraditório, pilares essenciais de nosso Estado Democrático de Direito". Ele disse estar confiante de que, em tempo hábil, "todas as questões serão devidamente esclarecidas".
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também é alvo da ação realizada nesta quinta-feira em nove estados e no Distrito Federal. Contra Bolsonaro, são aplicadas medidas restritivas, com a proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte no prazo de 24h, e de se comunicar com outros investigados.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos 30 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Entre os alvos da ação estão aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Almir Garnier e Tercio Arnaud.
A operação foi chamada pela Polícia Federal de "Tempus Veritatis" — "hora da verdade", em latim. "Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital", disse a PF por meio de nota.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da "disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação", discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
"O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", conclui.
O Exército acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal. "Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", destacou a força armada por meio de nota.