Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento após a recapturaReprodução: PRF
A população da pequena cidade de Baraúna, distante a 35 quilômetros de Mossoró, comemorou a recaptura da dupla Rogério Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. Desde o dia 14 de fevereiro, quando os criminosos fugiram do presídio, a cidade convivia em clima de apreensão e temor devido ao forte aparato policial que se instalou nas mediações e a demora na recaptura.
"Nunca tivemos medo desse presídio aqui perto da casa da gente porque sempre disseram que ele é de segurança máxima. De repente uma notícia dessa, apavora demais a população", comenta Saldanha, relembrando que o temor progrediu na medida em que os dias de buscas se prolongaram.
"Era muito carro de viatura passando para lá e para cá. Depois começaram a dizer que tinham encontrado pisada, roupa, gente daqui ajudando e nada desses homens serem resgatados."
Esse mesmo sentimento é compartilhado pela costureira Maria Graça da Silva, de 52, que mora com a família em uma comunidade próxima à unidade prisional.
Ao longo desses 50 dias de busca, a rotina de muitos baraunenses foi alterada pelo medo de invasão ou de se tornarem reféns. Saldanha acrescenta que as prisões de moradores suspeitos em colaborar com os fugitivos reforçaram o temor.
Em coletiva à imprensa na tarde desta quinta, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comentou o assunto. "Em um primeiro momento, soubemos que alguns moradores, infelizmente, foram cooptados pelos criminosos, ou pelo crime organizados, facilitando a fuga."
Em contrapartida, a colaboração da população com o repasse de informações também auxiliou a força-tarefa, segundo a avaliação do major Ivanildo Henrique Mendonça, comandante do 2° Batalhão da PM/RN, em Mossoró.
"Uma das frentes de atuação eram as denúncias que recebíamos com indicação de vestígios, objetos e rastro. Esse foi um período de baixa ocorrências de trote e, outro ponto positivo, foi o policiamento mais efetivo para as comunidades rurais."
A Penitenciária Federal de Mossoró está localizada em um trecho da RN-015, que liga a cidade de Mossoró a Baraúna, seguindo até a divisa do Ceará. As buscas se concentraram inicialmente em um raio de 193 quilômetros quadrados.
Essa extensão concentra diversas comunidades rurais, o Parque Nacional da Furna Feia, com mais de 200 cavernas, e fazendas produtoras da fruticultura irrigada.
Antes da captura nesta quinta, a força-tarefa montada na região já estava sendo desmobilizada e as estratégias seguiam outros rumos.
"Mudamos de estratégias quando soubemos que eles não estavam mais nas proximidades de Mossoró", disse Lewandowski.
Desde o feriado da Semana Santa, as barreiras policiais montadas nas estradas de acesso a Mossoró, Baraúna e à divisa com o Ceará foram reduzidas e os mais de cem homens da Força Nacional também já tinham partido.
A expectativa da população é que a rotina volte ao normal depois da captura e a saída da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado montada com agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penitenciária, Força Nacional, polícias Civil e Militar do RN, CE, Piauí, Pernambuco e Paraíba.
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