Médico cardiologista morreu durante viagem para ajuda humanitária no RSReprodução/redes sociais

O médico cardiologista Leandro Medice, de 41 anos, que saiu de Vila Velha, no Espírito Santo, no último domingo, 12, para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, foi encontrado morto em um abrigo na cidade de São Leopoldo nesta segunda-feira, 13.
A informação foi confirmada pela clínica na qual o médico trabalhava. Em publicação nas redes sociais, o estabelecimento informou que o especialista sofreu um mal súbito.
No domingo, o médico fez uma postagem em que anunciava a ida à cidade de São Leopoldo em uma missão humanitária para auxiliar no atendimento médico à população gaúcha.
"O sul tá precisando da gente, então a gente saiu um pouquinho da nossa rotina e do nosso conforto de consultório", disse.
Já no abrigo, o médico publicou outro vídeo em que relatava a situação vulnerável da população afetada pelas inundações que atingiram 450 municípios do Rio Grande do Sul, entre estes, São Leopoldo.
O marido de Leandro Medice, o acupunturista João Paulo Martins, disse ao portal G1 que o companheiro não tinha histórico de doenças.
"Ele era muito saudável, sempre cuidou da saúde. Nunca teve histórico nenhum de problemas. Eu ainda não consigo acreditar no que aconteceu. Quando me contaram, pensei que fosse brincadeira. Ele foi ajudar as pessoas e aconteceu essa tragédia", contou.

Ainda não há informações sobre como a família irá proceder com os trâmites com o corpo. "Leandro estava no RS na missão humanitária em prol das vítimas das enchentes desde ontem (domingo). Em breve, traremos mais detalhes sobre o velório e enterro", finaliza a publicação da clínica.
Nesta segunda, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, comentou sobre a morte do médico cardiologista.

"A morte de um voluntário que veio ao Rio Grande do Sul para ajudar no atendimento às vítimas da tragédia nos deixa profundamente entristecidos. Meus sentimentos aos familiares e amigos do Leandro", escreveu.

O governador ainda agradeceu a todos voluntários, de diferentes partes do Brasil, que estão indo ao Rio Grande do Sul.
Consequência dos temporais
A tragédia no Rio Grande do Sul já deixou 147 mortes confirmadas, segundo boletim da Defesa Civil divulgado nesta segunda-feira, 13. O número de feridos subiu para 806 e 127 desaparecidas.
Os dados ainda mostram que mais de 538 mil pessoas estão desalojadas e mais de 81 mil estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 450 cidades foram afetadas e mais de 2 milhões de pessoas sofrem com as inundações.
"Esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas", diz o governador.
O balanço também aponta que mais de 76 mil vítimas das enchentes já foram resgatadas e mais de 10 mil animais foram salvos, na grande operação que conta mais de 27 mil pessoas, mais de 4 mil viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 143 mil clientes estão sem luz. Já a outra concessionária de energia, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, divulgou que há mais de 137 mil clientes sem energia em sua área de atuação.
Ao todo, são mais de 162 mil sem água, de um total de 6 milhões de clientes da Corsan no RS. Há ainda dezenas de municípios sem serviços de telefonia e internet das companhias Tim, Vivo e Claro, de acordo com a Defesa Civil.
Os temporais também causaram danos na infraestrutura viária do estado. Pelo menos 102 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, 59 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
De acordo com o balanço da Defesa Civil, mais de 270 mil estudantes foram impactados pelas cheias em escolas em toda Rede Estadual de ensino, com as aulas suspensas.
O boletim ainda mostra os números de escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
- 1.046 escolas
- 248 municípios
- 29 Coordenadorias Regionais de Educação 
- 362.825 estudantes impactados
- 538 escolas danificadas com 219.459 estudantes matriculados.
- 83 escolas servindo de abrigo
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.