A Polícia Civil prendeu na manhã desta quinta-feira, 13, um ator e uma influenciadora por suspeita de fraudar chaves Pix para desviar doações que seriam destinadas às vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul. A operação Doppelganger foi deflagrada em Fortaleza, capital do Ceará.
A ação faz parte de mais uma fase da Dilúvio Moral, que tem o objetivo de reprimir práticas criminosas virtuais que se utilizem da atual situação do estado gaúcho com o fim de obter vantagens de qualquer natureza.
De acordo com as investigações, o casal criou 235 chaves Pix distintas para fraudar diversas campanhas de arrecadação de donativos. Apenas durante o mês de maio, os suspeitos geraram chaves novas todos os dias.
"Esse casal se utilizava de documentos falsos em nome de um casal verdadeiro aqui do Ceará, tem um casal de idosos aqui de Fortaleza também. Eles pegavam os documentos verdadeiros desse casal e colocavam ali as fotos deles, a partir daí constituíram documento falso e a partir desse documento falso criavam contas em bancos, normalmente bancos digitais e a partir dessas contas bancárias criadas com documentos falsos criavam essas chaves PIX", disse o delegado de Crimes Informáticos e Defraudações do Rio Grande do Sul, João Vitor Heredia.
A corporação não revelou a identidade da dupla, mas informou que o casal é formado por um ator que se apresenta como comediante e se define como "recitador, interessado em cinema e TV" e uma influenciadora digital, com mais de 26 mil seguidores na rede social, que afirma ser apresentadora de rádio e atriz de uma série de televisão.
Segundo a polícia, os dois alegaram que praticaram os atos por conta de dificuldades financeiras. "Eles já nos adiantaram, ali no primeiro momento, que estavam em dificuldades financeiras, precisavam de dinheiro. Então algumas coisas que nos inferem que, de fato, eles praticaram esse crime para fins de arrecadar dinheiro", explica o delegado.
Após criar as contas bancárias com documentos falsos, os suspeitos procuravam nas redes sociais campanhas que realmente tinham finalidade de arrecadar dinheiro para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Com as contas falsas, eles criavam centenas de chaves Pix e, em seguida, divulgavam campanhas de doações reais, mas alterando a chave Pix para que o dinheiro caísse na conta deles.
Normalmente, os suspeitos alteravam apenas um único dígito da chave verdadeira, induzindo os doadores ao erro para desviar os valores das contribuições.
"Em duas campanhas em específico, de duas influenciadoras digitais muito grandes do Rio Grande do Sul, começou a ter muito relato de que esses valores de doação não estavam indo para as beneficiárias que estavam contribuindo. Então, a partir daí, chamou nossa atenção, iniciamos as investigações e com o avanço delas ali através de meios tecnológicos, conseguimos chegar a ter esse casal aqui no Ceará", disse João Vitor Heredia.
Além dos mandados de prisão, os suspeitos também foram presos em flagrante por falsificação de documento. Durante as buscas na casa do casal, os agentes encontraram diversos documentos falsos utilizados para a abertura das contas bancárias, utilizados para a prática dos estelionatos virtuais.
Até o momento, o grupo de Delegados e Agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) já analisou mais de 60 casos. Destes, cerca de 70% já foram concluídos, resultando na instauração de mais de 30 inquéritos, além de investigações em andamento a fim de responsabilizar os identificados.
Entre os casos analisados, preliminarmente já foi possível a retirada do ar de 71 páginas, contas e publicações criminosas, criadas com o fim exclusivo de induzir a erro a população em geral, o que impediu um enriquecimento ilícito de dezenas de milhares de reais.
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