Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA)Arquivo/Elza Fiúza/Agência Brasil
Jaques Wagner defende que militares tenham que ir para reserva se quiserem disputar eleições
Wagner participa do painel 'Forças Armadas na Democracia', no Fórum de Lisboa
Líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ex-ministro da Defesa, fez uma veemente defesa de que integrantes das Forças Armadas que resolvam concorrer a cargos públicos em eleições sejam imediatamente encaminhados para a reserva - mesmo que não sejam eleitos. "Militares, uma vez candidatos, têm que ir para a reserva. Caso contrário, eles se tornam agentes políticos dentro das Forças", afirmou.
Wagner participa do painel "Forças Armadas na Democracia", no Fórum de Lisboa. Para o senador, está claro que "o Brasil vive uma politização das forças de segurança, principalmente nas polícias", alertou. "Agentes públicos armados não podem estar a serviço de um projeto político", completou. Wagner apresentou no Senado, com aval e apoio do Ministério da Defesa, uma PEC para restringir a candidatura de militares.
A PEC estabelece que candidatos militares do Exército, Marinha e Aeronáutica só poderão passar para a reserva remunerada se tiverem mais de 35 anos de serviço. Se esse tempo não for atingido, o oficial vai para a reserva não remunerada quando for registrar candidatura.
"Setores das Forças foram coniventes com a tentativa de derrubada do regime democrático. Como mostraram apurações preliminares da CPI do 8 de janeiro, comandantes se omitiram em dissolver acampamentos". A adesão à tentativa de golpe, ponderou, não tinha maioria nas tropas. "Para cada militar golpista, havia dezenas de outros, ciosos da manutenção de seus deveres constitucionais. A democracia brasileira saiu fortalecida", completou.
Segundo o líder, a hipótese de interpretação do artigo 142 da Constituição como algo que permitiria a intervenção dos militares "é completamente estapafúrdia". Ele lembrou que o painel "Forças Armadas na Democracia" ocorre após mais uma tentativa de golpe na Bolívia, que não obteve sucesso. "Foram 17 tentativas de golpe na Bolívia em 80 anos, sendo que 9 prosperaram. Algumas forças se envolvem infelizmente no que não deveriam", frisou. Além de Wagner, participam do painel outros dois ex-ministros da Defesa, Raul Jungmann e Nelson Jobim.
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