Mais de 7 mil prisões por feminicídio ou violência doméstica foram registrados em agostoDivulgação

A violência doméstica é uma realidade que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, através de diversas formas de abuso, incluindo físico, emocional, psicológico e patrimonial. Só em agosto deste ano, segundo o Ministério Público, foram registrados mais de 7 mil casos de prisões relacionadas à feminicídio e violência doméstica em todo o Brasil. Essa situação provoca profundas consequências na saúde mental das vítimas. As mulheres submetidas a esse tipo de violência enfrentam um sofrimento psicológico intenso que pode levar ao desenvolvimento de transtornos mentais graves, como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Para Letícia Peres, advogada especialista em Direito das Famílias, entender e abordar os efeitos devastadores da violência doméstica na saúde mental das mulheres é essencial para romper o ciclo de abuso e promover a recuperação e capacidade de reação das vítimas. "O ambiente de constante medo e insegurança pode levar a um estado de alerta permanente, dificultando o descanso e o bem-estar emocional. A violência doméstica cria um ciclo de sofrimento que pode ser difícil de romper sem apoio adequado", afirma.
A violência também afeta o relacionamento da mulher com os filhos e outros familiares, criando um ambiente de tensão e insegurança dentro do lar. "As mulheres podem sentir vergonha ou culpa, acreditando que de alguma forma são responsáveis pela violência, o que pode agravar o sofrimento psicológico. Esse sentimento de culpa é muitas vezes reforçado pelo agressor, criando um ciclo de dependência emocional que é difícil de quebrar", explica Letícia Peres.
A também advogada especialista em Direito das Famílias, Barbara Heliodora, diz que muitas mulheres não deixam seus agressores por conta dos filhos."Ao analisarmos essas situações, é essencial reconhecer que as mulheres, motivadas pelo amor à família, muitas vezes hesitam em tomar medidas de separação. Essa relutância pode ser alimentada pela dependência emocional, preocupações com o impacto na família ou a dedicação aos filhos. Nesse contexto, o agressor, por vezes, rejeita buscar ajuda, enfrentando um preconceito que os impede de reconhecer a necessidade de apoio psicológico ou psiquiátrico", afirma.
Segundo Letícia Peres, é crucial que as mulheres em situações de violência doméstica tenham acesso a recursos de apoio, como atendimento psicológico, grupos de apoio e assistência jurídica. "A intervenção precoce pode ajudar a prevenir o agravamento dos danos à saúde mental e promover a recuperação e a construção de uma nova vida longe do agressor", diz Letícia. A proteção legal e o suporte emocional andam de mãos dadas para restaurar a dignidade e o bem-estar das vítimas.
Para Barbara Heliodora, é crucial estar sempre atenta às dinâmicas, pois qualquer ação do parceiro pode evoluir para um relacionamento abusivo, transformando em casos mais graves de violência física. "O processo muitas vezes se desenrola gradativamente, em um ciclo onde a mulher, imersa na dependência emocional e na tentativa de preservar a família, permite que a situação atinja níveis alarmantes", acrescenta ela. E até quanto se deve manter um relacionamento fracassado, pelos filhos?
Sobre denúncias, Letícia informa: "De forma mais imediata, se for uma agressão, dependendo de como se der essa violência, ela deve acionar o 180. O telefone 180 tem atendimento 24 horas, todos os dias da semana, para que ela registre a violência doméstica. E o próprio 190, que é o da Polícia Militar, também dá suporte à mulher no caso de violência doméstica", pontua a advogada.
Por fim, Letícia destaca que é fundamental que a sociedade como um todo reconheça o impacto da violência doméstica na saúde mental das mulheres e trabalhe para criar redes de apoio e políticas públicas eficazes. "A conscientização e a educação sobre o tema são essenciais para romper o ciclo de violência e garantir que as mulheres tenham um futuro seguro e saudável", finaliza.