Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), discursou, na manhã desta terça-feira (24), na sessão de debates da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York, nos Estados Unidos. Por tradição, o representante brasileiro é o responsável pela fala de abertura no debate geral.

Lula iniciou sua fala mencionando os conflitos no Oriente Médio e a crise climática, que tem afetado o Brasil com as queimadas e o longo período de estiagem.

“Testemunhamos a escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades. [O ano de] 2024 registra o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra — US$ 2,4 trilhões com armas foram gastos. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima”, declarou o presidente brasileiro.
Crise climática

"O planeta já não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos. Está cansado de metas de redução da emissão de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega", criticou o petista.

Lula fez questão de destacar como as mudanças climáticas, em decorrência do aquecimento global, provocado pelas ações humanas, tem afetado o Brasil de forma catastrófica.

"No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica de sua soberania", disse o brasileiro.

Além disso, o Chefe Executivo tratou de outros assuntos, como a fome no mundo, a democracia e o avanço da inteligência artificial.

Fome

A insegurança alimentar foi outro ponto destacado pelo presidente brasileiro em seu discurso. De acordo com Lula, 9% da população mundial está subnutrida. “O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas também persiste na América Latina. Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios a países ricos ampliam esse flagelo. Mas a fome decorre sobretudo de escolhas políticas. O mundo produz o suficiente, o que falta é acesso aos alimentos. A Aliança Global será um dos principais resultados da presidência brasileira no G20. Todos que quiserem se somar a esse esforço serão bem-vindos”, disse.

Democracia

Lula declarou que o Brasil é um país que defende a democracia, então precisa intervir em "investidas extremistas". "No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e o desenvolvimento. No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento", alertou.

Inteligência artificial

O presidente disse que a "concentração sem precedentes" da tecnologia na mão de poucos países dificulta o estabelecimento da diversidade cultural.

"Interessa-nos uma inteligência artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e fortaleça a a diversidade cultural. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz, não para a guerra", afirmou Lula.

Lula compareceu à Assembleia Geral da ONU acompanhado da primeira-dama Janja; dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira; e do assessor especial e ex-chanceler, Celso Amorim.


*Matéria do estagiário João Santos, sob supervisão de Marlucio Luna.