Enchentes: guardas de SP são acusados de violência contra moradores Letycia Bond/Agência Brasil
Tanto o Jardim Helena como o Jardim Pantanal tiveram pontos que ficaram debaixo d'água após serem atingidos pelas fortes chuvas que tiveram início na madrugada do último sábado (1ª). A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) afirmou que os arremessos das bombas foram "o único episódio" desse tipo e atrelou a opção dos agentes a uma suposta tentativa de invasão da Emef Murures.
"Os agentes foram alvo dos manifestantes e atuaram empregando equipamentos de menor potencial ofensivo para controle da situação", escreveu a pasta em nota, adicionando que, quando necessário, "apura rigorosamente todas as denúncias" e a Corregedoria da corporação aplica as devidas sanções aos agentes.
Devastação
"Faltaram dez casas para chegar [a água]", diz ele, que se locomove de bicicleta para fechar as vendas e, com a enchente, tem que desviar de ruas e pedalar por maiores distâncias.
"Como se consegue deixar a área com R$ 50 mil, R$ 30 mil? Onde é que se compra um imóvel com isso? Não compra nem o material [de construção]", critica vendedor, diante da proposta estudada pela equipe do prefeito Ricardo Nunes como solução para que os habitantes troquem a região por outra.
Auditoria
“Não é só uma questão de obras. Temos que ver a questão de obras, mas lá existe uma questão social, como a prefeitura está enfrentando também isso, no sentido de dar uma verba para cada pessoa. Nós vamos fazer uma análise um pouco mais detalhada”, justificou.
O levantamento terá três eixos principais: valores da execução orçamentária dos recursos da prefeitura na área do Jardim Pantanal; quais as ações efetivamente executadas; e quais ações de assistência social estão sendo implantadas e planejadas para atender a população afetada. A proposta foi aprovada por todos os conselheiros do tribunal.
Água contaminada
Vieira vive de bicos, por estar desempregado, e sua mãe apresenta saúde suscetível, depois de passar por uma cirurgia de câncer que agora completa um ano. Ela ainda permanece fazendo sessões de quimioterapia.
"Estão fazendo doações e, mesmo com dor de barriga e febre, estou indo atrás, andando para lá e para cá. Se for a um posto de saúde, também não vai adiantar nada, porque o que estão dando é dipirona, o que tenho em casa. Dipirona e soro", disse o faxineiro à reportagem.
"O que está salvando é essa água [a água mineral doada por iniciativa dos líderes da comunidade]. Quando você coloca [a da torneira], dá para ver tudo amarelo. Fui lavar roupa ontem, no tanquinho, ficou tudo amarelo. Aí, nem lavei", acrescentou.
Uma das doenças a que atingidos por inundações ficam expostos é a leptospirose. Ela é transmitida pelo contato da pele com bactérias do tipo Leptospira, presentes na urina de animais como os roedores. Ou seja, ratos são um vetor da doença.
Resgates
Recentemente, a Agência Brasil conversou com um integrante da Defesa Civil do Estado de São Paulo, que pontuou que a corporação tem treinado lideranças das comunidades a fazer resgates.
"O conhecimento vai ficar para você, sim. Mas, na verdade, eles gostam de transferir a responsabilidade deles para a gente, líder comunitário. Vou dar um exemplo: eles vêm fazer cadastro para angariar insumos e tudo mais. Quem toma conta da população? Somos nós. Quando o bicho pega e a população vem para cima, eles fazem o quê? Deixam a gente aqui e vão embora", critica o educador físico.
Outro lado
"Até hoje 1.344 famílias receberam o cartão emergencial no valor de R$ 1.000. A Defesa Civil está fazendo busca ativa nas ruas atingidas para eventualmente cadastrar novas famílias para o benefício", destaca a prefeitura.
"Em atendimentos de saúde foram aplicadas até o momento 1.013 doses de vacina na população, 14 pacientes foram removidos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jardim Helena e quatro direcionados para a Unidade Básica de Saúde (UBS) da região. Também houve acolhimento psicológico a crianças, 218 pacientes foram atendidos para trocas de receitas, e foram entregues 780 frascos de hipoclorito. Estão sendo realizados, conforme avaliação, testes de Covid-19, dengue e influenza e testes rápidos de sífilis e HIV."
Questionada sobre os relatos de adoecimento após ingestão de água nas regiões afetadas pelas enchentes, a Sabesp informou que realiza vistorias periódicas para analisar a água fornecida.
"No Jardim Pantanal, essas análises têm comprovado a qualidade da água distribuída à população. A Companhia monitora todas as etapas do sistema de abastecimento para garantir a qualidade da água distribuída. Os resultados são também enviados para os órgãos de controle, dentro das normas estabelecidas pela legislação", argumentou a Sabesp.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.