Clara recebeu o título de cidadã paulistana em 13 de maio de 2019Reprodução / Movimento Sem Terra

A ativista de esquerda Clara Charf, ex-companheira do político e guerrilheiro Carlos Marighella, morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos. Segundo a Associação Mulheres pela Paz, da qual Clara era presidente, ela faleceu por causas naturais.
A ativista estava hospitalizada e intubada há alguns dias, segundo a ONG feminista. Clara Charf nasceu em 17 de julho de 1925, em Maceió, Alagoas. Ainda jovem, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), por volta de 1946.
Clara tornou-se companheira de Carlos Marighella, figura central da resistência à ditadura militar, e viveu anos em clandestinidade após o golpe de 1964. Após o assassinato de Marighella, em 1969, Clara enfrentou o exílio em Cuba. Ela retornou ao Brasil em 1979, após a Lei da Anistia, e passou a atuar no Partido dos Trabalhadores (PT).
A militante se envolveu no movimento feminista e na defesa da paz, participando de iniciativas como "1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz", além de atuar na defesa dos direitos humanos. Clara foi amplamente reconhecida por sua trajetória, incluindo a concessão do título de Cidadã Paulistana em 2019.
Políticos lamentam
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte de Clara e relembrou a amizade com a militante.
"Clara Charf nos deixou hoje, aos 100 anos de idade. Com seu falecimento, o Brasil perde uma mulher extraordinária. E eu perco uma companheira de muitas caminhadas."
O Ministro do desenvolvimento agrário e agrícola familiar, Paulo Teixeira, destacou a importância de Clara Charf e prestou sentimentos aos familiares. 
"Clara Charf foi uma das maiores militantes de esquerda do Brasil ao longo de um século de vida. Desde os 21 anos militou no Partido Comunista Brasileiro de Prestes. Foi companheira de Carlos Marighella e lutaram juntos contra a ditadura militar. Viveu no exílio após o assassinato do companheiro", escreveu. "Em 1979 voltou ao Brasil e filou-se ao PT, participando da construção do partido, do fortalecimento da participação das mulheres na política. Uma referência política, Clara deixa um legado imenso. Aos pais, amigos e companheiros de uma vida de militância, meus sentimentos e solidariedade."
O deputado federal e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social Paulo Pimenta (PT-RS) falou sobre o "legado de resistência, coragem e esperança" de Clara. 
O também deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) relembrou a importância da ativista. 
"Com tristeza recebemos a notícia da morte do militante histórico da esquerda brasileira, Clara Charf. Gentil e combustível, foi companheira de Carlos Marighella, fundador do PT e amigo do MST. 100 anos de luta pelo socialismo e justiça social. Clara Charf, presente!", escreveu no X (antigo Twitter). 
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) enfatizou a contribuição de Clara à luta pelos direitos das mulheres.