Ministro Alexandre Silveira participou do programa 'Roda Viva'Reprodução / TV Cultura
Ao falar sobre as obras da usina de Angra 3, em Angra dos Reis, na Costa Verde, o ministro afirmou que apresentou voto para avançar nos estudos do BNDES, através do Conselho Nacional de Política Energética.
“O único sinal que eu coloquei foi o aperfeiçoamento, ou melhoramento, da gestão da Eletronuclear. A Eletronuclear tem uma gestão ineficiente, que deixa muito a desejar. Para que a gente conclua a obra de Angra 3, assim como os militares, com eficiência com velocidade e que a gente avance na fonte nuclear, porque nós não podemos preterir, em especial na era da transição energética e da energia nuclear”, disse.
Questionado sobre Sidnei Bispo e as denúncias feitas contra ele, Silveira se defendeu ao ser apontado como protetor político e elogiou o trabalho do diretor.
“Não existe protegido do ministro. Existem bons profissionais que o ministro procura absorver. Uma das coisas que eu mais acertei foi na escolha da equipe, em especial no ministério. O Sidnei Bispo é um profissional extremamente dedicado, sério. Ele tem defendido aquilo que é interesse do governo, e do Brasil, que é sanear aquela companhia”, afirmou Silveira, que completou:
“Eu não quero aqui fazer juízo de valor sobre essa denúncia, mas naturalmente ela está sendo apurada no âmbito administrativo da empresa, que é apenas vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Eu espero que, depois de apuradas essas denúncias feitas por alguns servidores com relação a esse profissional, se apurada alguma infração, que seja levada ao ministro e as providências serão tomadas de pronto.”
Sidnei Bispo é acusado de racismo e assédio moral. Segundo relatos, ele teria feito ofensas a um superintendente negro durante reuniões.
Após a entrevista, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Paraty e Angra dos Reis (Stiepar) emitiu um comunicado sobre a insatisfação dos funcionários da Eletronuclear com as declarações do ministro.
Por meio de material enviado à imprensa, o sindicato também criticou a falta de respostas do Governo Federal sobre o projeto Angra 3, mesmo após o presidente Lula receber uma carta diretamente das mãos dos representantes da categoria.
O sindicato criticou, ainda, as falas de Silveira durante a entrevista e a manutenção do cargo de Bispo, mostrando descontentamento.
“Ministro, o senhor jamais ouviu os trabalhadores. Não entende a dinâmica do setor nuclear, e seu apadrinhado está destruindo a base operacional da Eletronuclear. Uma hora o senhor diz apoiar Angra 3, na outra, não utiliza sua autoridade para destravar o projeto. Não confie cegamente nos números apresentados por seu diretor: ele pode acabar expondo o senhor a um constrangimento público ainda maior”, diz o comunicado.
A categoria afirmou que as medidas impostas por Sidnei “estão aprofundando as dificuldades da base nuclear e colocando em risco até mesmo as usinas já em operação”. “A insatisfação dos trabalhadores é antiga e amplamente conhecida, e não há justificativa para manter na companhia alguém com esse histórico e com tamanha rejeição interna.”
Para a sindicato, as medidas impostas pela gestão apontam para risco de acidente. “As denúncias existem, são graves e são de conhecimento de todos. O cenário para quem trabalha próximo a esse diretor é vexatório e temerário. O senhor precisa agir imediatamente. Caso contrário, poderá carregar nas costas a responsabilidade pelo primeiro acidente nuclear da história do país. E não haverá como transferir a culpa, apesar dos ataques diários vindos da própria Diretoria de Administração”, finalizou o sindicato, em nota.
Procurado por O DIA para comentar as críticas, o Ministério de Minas e Energia não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestações.

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