Natália Patrão revela novos dados que apontam para a suspeita de que Diogo teria premeditado o crime Foto Divulgação/134 DP

Campos – A tentativa do professor Diogo Viola Nadai, do Instituto Federal Fluminense (IFF), de provar que nada tem a ver com o assassinato da engenheira Letycia Peixoto Fonseca, com quem convivia em união estável e estava grávida de oito meses, está cada vez mais rasa; além dos dados já levantados, a titular da 134ª Delegacia de Polícia de Campos dos Goytacazes (RJ), Natália Patrão, traça um passo a passo que clareia a suspeita de Diogo ter sido mandante.
Nesta segunda-feira (13) a delegada apresenta, por meio de vídeo, novos detalhes que apontam para “premeditação do crime” e possível tentativa do professor de “criar álibi”, na semana da execução da companheira, que o pudesse inocentar: “nós temos relatos de que esse crime estava tentando ser consumado dias antes da sua efetiva execução”, diz Natália.
A execução de Letycia Peixoto, 31 anos, aconteceu na noite do dia dois de março, quando ela chegava a casa dirigindo um Gol branco, em companhia da mãe, que foi baleada na perna esquerda; ambas foram levadas para o Hospital Ferreira Machado, mas Letycia veio a óbito; o bebê chegou a nascer, porém, morreu no dia seguinte.
Cinco pessoas estão presas – os dois executores, contratante, dono da moto usada no crime e Diogo Viola. A estratégia montada por Natália Patrão é abrangente: tem diversos depoimentos, inclusive de familiares da vítima e do próprio suspeito de ter sido mandante; logo no início das Investigações, ela concluiu tratar-se de crime passional.
Até efetuar a prisão de Diogo Viola, no último dia sete, Natália já o havia ouvido em duas oportunidades; a partir de então encaminhou o pedido de prisão preventiva à 1ª Vara Criminal do município e foi prontamente atendida pelo juiz titular Adones Henrique Silva Ambrósio Vieira; a defesa do acusado tenta reverter, mas na primeira investida não foi bem sucedido, segundo decisão do Tribunal de Justiça informada no dia nove.
A delegada promete não demorar a fechar o inquérito; segundo ela, ainda faltam informações tecnológicas fundamentais; afirma também que não existem mais suspeitos a serem presos. A repercussão do caso está em nível nacional e as especulações não são poucas, inclusive quanto ao vazamento de dados que deveriam estar, por enquanto, sob sigilo, uma vez que o inquérito corre em segredo. No entanto a delegada traz novidades que contrariam ainda mais quem acredita na inocência do professor. Natália levantou que Diogo frequentou o IFF de Guarus, onde trabalha, normalmente na semana do crime: “segundo relatos, no dia do crime ele chegou atrasado e não demonstrou abalo emocional”.
Natália Patrão revela ainda que há relatos de que a execução de Letycia foi tentada na terça, na quarta, e consumada na quinta-feira (02): “isso é totalmente compatível com a frequência do mandante à universidade”, aponta a delegada, ressaltando que na véspera do crime, o professor ficou dentro da universidade e não deu aula: “no dia do crime ele chegou atrasado, não demonstrou abalo emocional, pegou a chave no armário e estava apressado para sair”.
As colocações de Natália são baseadas em depoimentos de pessoas que trabalham no IFF e afirmaram que na semana do assassinato da companheira, o professor demonstrou “comportamento atípico e não habitual”. A junção de peças feita pela delegada é voltada para a conclusão de que houve premeditação e o suspeito articulou a preparação de um álibi.
“Isso faz inferir que, exatamente na semana do crime, pode ter havido a intenção de estar presente na faculdade para criar um álibi, encobertar a sua conduta”, conclui Natália Patrão, que vasculhou o “dia a dia” de Diogo Viola no IFF desde o ano passado.
RESUMO DO CASO – A execução da engenheira Letycia Peixoto Fonseca, de 31 anos, aconteceu na noite do dia dois de março, no Parque Aurora; ela estava acompanhada da mãe (que levou um tiro na perna esquerda) e grávida de oito meses; o bebê chegou a nascer, mas morreu na manhã de sábado (04).
Os executores foram duas pessoas em uma moto; ambos logo foram presos e identificados; o dono da moto usada no crime também está preso, além do suspeito de ter negociado a “empreitada”; o professor estava na casa de um tio, em Guarus, quando foi preso; a defesa dele tentou soltá-lo, mas a Justiça negou o pedido.
Na última quinta-feira (09), o Tribunal de Justiça informou: “O juízo da Central da Audiência de Custódia de Campos dos Goytacazes, no Norte do estado, manteve a prisão do professor Diogo Vilela de Nadai, que foi indiciado como mandante da morte da companheira, a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, grávida de oito meses”.