O movimento na emergência do Ferreira Machado é intenso diariamente, para diferentes casos Foto Divulgação

Campos – Menos de uma semana depois de ter sido apontado como novo fluxo de atendimento infantil nas urgências e emergências 24 horas a funcionar em Campos dos Goytacazes, a partir de 31 de maio, além da Clínica da Criança, o Hospital Ferreira Machado (HFM) também é destacado referência no norte do estado do Rio de Janeiro em atendimento a vítimas de acidentes com escorpiões, integrando a rede estadual de soroterapia.
O primeiro destaque trata-se do pronto-socorro pediátrico, que receberá demandas de casos de maior gravidade, pensando no melhor atendimento e suporte para a população, após a suspensão do atendimento no Hospital Plantadores de Cana (HPC). Questões relacionadas ao novo fluxo de atendimento foram discutidas dia 26, entre diretores e superintendentes da Fundação Municipal de Saúde (FMS).
Segundo o diretor do pronto-socorro, Hugo Calomeni, a medida foi tomada de forma provisória até a Clínica da Família ficar pronta, em um prazo previsto para os próximos seis meses: “Além do movimento intenso na emergência geral, o Ferreira Machado atende casos de urgência e emergência em pediatria, se consolidando como a principal referência no cuidado infantil de alta complexidade em Campos e região”.
Calomeni explica que a medida amplia o acesso da população a um serviço especializado e completo, garantindo acolhimento e cuidado integral a crianças de 0 a 12 anos em situações graves: “A pediatria do hospital conta com uma estrutura completa e especializada; o pronto-socorro pediátrico, com entrada separada pela Avenida XV de Novembro, oferece sete leitos e mais um exclusivo para casos de urgência”.
O diretor resume que o espaço também foi pensado para proporcionar acolhimento e conta com um ambiente lúdico, que ajuda a amenizar o estresse da internação para crianças e acompanhantes. Na opinião do superintendente da unidade, Guilherme Rangel, a intensificação da assistência pediátrica acontece em um período sensível: “As oscilações de temperatura e a queda da umidade relativa do ar aumentam os casos de doenças respiratórias, especialmente entre o público infantil, que é mais vulnerável”.
Quanto à integração do HFM à rede de soroterapia do estado, levantamento realizado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) revela entre os anos de 2021 e 2024, os acidentes escorpiônicos representaram a maioria dos atendimentos relacionados a animais peçonhentos no hospital, com destaque para 2021 e 2023, quando os casos chegaram a 60% e 65% do total, respectivamente.
RECOMENDÇÕES - Os dados realçam que escorpiões lideraram os registros de acidentes em todos os anos analisados: “Em 2022, eles representaram 45% dos casos, enquanto em 2024, foram responsáveis por 49%”, relata Cristiane Ramos, coordenadora do NVEH, explicando que os hospitais de referência são definidos pela Secretaria de Estado de Saúde e integram a rede responsável pela distribuição e aplicação dos soros antiveneno.
“Os soros específicos para animais peçonhentos estão localizados somente nessas unidades”, garante a coordenadora acentuando que a avaliação da gravidade do acidente é essencial para determinar a necessidade da aplicação do soro: “No primeiro atendimento, é preciso avaliar a gravidade do caso; existem situações que se apresentam de forma mais leve, mas também temos casos que evoluem para quadros graves, e aí geralmente há indicação do uso do soro”.
Cristiane orienta que a gravidade do quadro costuma se manifestar nas primeiras duas horas após o acidente: “Se passado esse período o paciente não apresentar sintomas graves, a tendência é que ele não evolua para um quadro mais severo, mas tudo deve ser criteriosamente observado por uma equipe médica”. Ela observa que, entre 2021 e 2024, mais de 55% dos casos atendidos no HFM foram classificados como moderados.
“Apesar da alta incidência, o hospital não registrou nenhum óbito por acidente escorpiônico no período, o que reforça a eficiência do atendimento prestado pela equipe especializada”. A coordenadora alerta a população que evite práticas caseiras em caso de picada: “É importante lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico imediatamente. Não se devem aplicar substâncias caseiras, como álcool ou pomadas, pois isso pode agravar o quadro clínico”.
Embora nem todos os casos exijam soroterapia, Cristiane reforça que os pacientes devem procurar imediatamente o atendimento em unidades de referência, como o HFM, especialmente quando se trata de crianças: “Os casos mais graves, com manifestações sistêmicas, ocorrem principalmente em crianças. Por isso, diante de qualquer acidente com escorpião, é fundamental buscar atendimento médico o mais rápido possível”.