Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Imagine uma fonte de água cristalina. A água sai dali pura e vai percorrendo muitos caminhos. Por um trecho deste caminho ela flui límpida, porque o solo é limpo. Mas pode acontecer de no percurso haver alguma impureza. Então a água, ao correr por ali, levará consigo aquela sujeira.
Quem for beber daquela água perceberá que deve ter cuidado, pois o líquido já não está tão puro. E não é por culpa da água, mas do que fizeram com o terreno por onde ela desliza. Se o terreno for novamente limpo, se não jogarem mais impurezas no trajeto, a água novamente chegará pura a seu destino.
O mesmo pode ocorrer com nossa saúde. Fazendo uma analogia, acontece, por exemplo, de sentirmos uma dor em determinado órgão do nosso corpo. Consultamos um especialista e ele prescreve o medicamento necessário. O efeito será temporariamente curado, mas a causa poderá ainda estar latente. Assim, precisaríamos mudar algo em nós para que aquele efeito deixasse de acontecer.
Não se mudam os efeitos se as causas continuam as mesmas.
Nossa civilização vem descartando a prevenção (causa) e apostando na contenção (efeito).
A fonte da água pode ser comparada à fonte de nossos hábitos, à nossa forma de pensar e sentir.
Em uma sociedade dirigida pela comunicação de massa, bombardeada por mensagens uniformizadoras e condicionantes, não é fácil preservar a autonomia e o discernimento. De fato, é uma luta hercúlea não se moldar e ainda “manter a ternura”.
Existem à disposição da humanidade fontes puras de conhecimento, conservadas por diversas tradições. Elas não se preocupam em ser modernas, porque, mais que isso, são eternas. Beber delas pode curar. Não custa tentar. Vamos!