Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

De fato, tudo é divino, pois tudo procede de Deus, o Uno, o Ilimitado, o Incognoscível. Porém, existem em nós duas naturezas: a física e a espiritual. O Espírito não poderia atuar no mundo sem um veículo apropriado para isso, ou seja, o corpo físico com seus atributos. É através do físico que podemos conhecer, admirar e cooperar com a Criação.
Entretanto, não devemos nos deter nesta estação corpórea, com seus incontáveis desejos. O apego a eles nos mantêm prisioneiros. “As coisas terrenas que o corpo deseja possuir, são estranhas a tudo que nele é divino”, ensina o “Corpus Hermeticum”. “É um deleite desfrutar daquilo que se possui na vida corporal; mas esse prazer faz com que o ser humano se apegue a essa parte dele que é mortal, e esse vício o impede de conhecer sua parte que é divina e a imortalidade.”
Quando o ser humano “é muito entravado pelo peso do corpo, não pode investigar as verdadeiras causas das coisas”. E é preciso conhecê-las para conhecer-se.
O Mundo é o corpo de Deus. Então, “se o Mundo é a obra de Deus, aquele que cuida do Mundo e aumenta sua beleza é o auxiliar da Vontade Divina.”
Melhor serviço não pode haver. A nós foi dado o poder de, ao mesmo tempo, cuidar das coisas terrestres e amar a Divindade.
Hermes faz um alerta: “Muitos seres humanos, enganados pela astúcia dos sofistas, se deixarão desviar da Filosofia verdadeira, pura e sagrada. Adorar a divindade com um coração e uma alma simples, reverenciar as obras de Deus, render graças à Vontade Divina (a única que é completamente preenchida pelo Bem Absoluto), esta é a única Filosofia que não é viciada pela curiosidade inútil da mente.”
Que nada nos afaste da nobre tarefa que nos foi outorgada: ser auxiliares da Vontade Divina. Façamos o melhor que pudermos. Podemos. Vamos!