Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

É uma arte saber quando chega a hora de parar com aquilo que já deu o que tinha que dar, dar espaço a algo novo que aguarda para se manifestar em nós, permitindo também que outras pessoas entrem em cena.
O apego é um dos grandes vícios humanos. Às vezes é bem sutil e, por isso, difícil de ser percebido e combatido.
O poder temporal nos inebria com suas nuances e privilégios. Dificilmente conseguimos passar incólumes pela ganância, que pode turvar nossa visão para a verdadeira compreensão dos fatos, alienando-nos da realidade.
Amigos verdadeiros podem nos alertar, os falsos podem se aproveitar. Dificilmente vamos dar ouvidos a ponderações sensatas, pois o apego nos faz perder boa parte do discernimento.
Saber parar é uma arte. E não se trata de parar com tudo, mas apenas com aquilo que não é mais para nós. Várias coisas podem estar à nossa disposição e certamente elas se apresentarão quando nos abrirmos para elas.
Imagine, por exemplo, alguém que exerceu um determinado cargo por muito tempo, que prestou grandes serviços em sua área, sendo amplamente reconhecido. Quanto conhecimento ele conseguiu armazenar e quão útil poderá continuar a ser se apenas se dispuser a admitir que sua função agora é outra, o tempo é outro, as circunstâncias mudaram e que, permanecer irredutível, só prejudicará a si mesmo, aos outros e até ao próprio país, dependendo o posto que ocupa.
Confiar. Arriscar, permitir que a vida se movimente com liberdade através de nós. Sejamos um bom veículo. É o que espera de nós.
Quando chegar a hora, que saibamos parar, para podermos continuar.
Podemos. Tentemos. Vamos!