Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Volto ao livro "O jardineiro que tinha fé", de Clarissa Pinkola Estés, Ed. Rocco.
A autora ressalta a importância de contar histórias: "Entre a minha gente, tanto do lado magiar quanto do mexicano, temos uma longa tradição de contar histórias.... Nós consideramos as histórias um parente vivo nosso".
O tio e ela revezam-se na contação de histórias inventadas ou não, como em um desafio. Para eles, "perguntas sobre como viver a vida, especialmente as que se referem a questões do coração e da alma, são na maior parte do tempo respondidas com uma história ou uma série delas."
Em outra crônica (Tempo de não plantar) que escrevi sobre este livro, destaquei a parte que narra a "queimada" feita pelo tio Zovár em um pedaço do terreno devastado pela estrada nova, o tempo que precisou esperar antes de lançar ali novas sementes e o ressurgimento da vida no local, porque para ele "Ser pobre e não ter árvores é ser o ser humano mais faminto do mundo. Ser pobre e ter árvores é ser totalmente rico... "
Clarissa acredita que uma vida longa pode ser atribuída "a essa força imutável e cheia de fé que empurra todos os seres humanos para uma nova vida, não importa que fogo os tenha arrasado." E termina o livro com uma oração:
Recuse-se a cair./ Se não puder se recusar a cair,/ recuse-se a ficar no chão./ Se não puder se recusar a ficar no chão,/ eleve o coração aos céus e, como um mendigo faminto,/ peça que o encham,/ e ele será cheio./
Podem empurrá-lo para baixo./ Podem impedi-lo de se levantar./ Mas ninguém pode impedi-lo de elevar seu coração aos céus- só você./ É no meio da aflição que tantas coisas ficam claras./ Quem diz que nada de bom resultou disso/ ainda não está escutando.
Escutemos. Podemos. Vamos!