Fernando Mansur - colunistaSABRINA NICOLAZZI

Todos nós queremos encontrar a cura. Todos nós temos algo a ser curado. O que gerou aquilo que hoje precisa de cura? O que teria provocado esse desequilíbrio?
Há um caminho a ser percorrido até a cura e esse caminho pode ser árduo, e é dentro de nós que ele começa. Do lado de fora estão os efeitos.
O médico ou o psicólogo, por exemplo, ajudam a detectar o problema, mas cabe ao paciente entender sua condição e buscar fazer a transmutação do chumbo em ouro, para usar uma linguagem alquímica. Nossa natureza mais densa deve tornar-se mais sutil e refinada. Vamos precisar encarar efetivamente nossas sombras, aquelas características incômodas que, por rejeitarmos, vamos empurrando para os porões do inconsciente, até não nos lembrarmos mais delas. Mas como disse o psicólogo C.G. Jung: “Tudo o que resiste, persiste”.
Jung também aprendeu por experiência própria que não se pode enganar impunemente a vida nem a si mesmo por muito tempo. Uma dessas experiências está narrada no livro “Jung – Vida e Obra – Uma Memória Biográfica”, por Barbara Hanna.
Na página 112 ela explica que quando menino, Jung fora atacado pelas costas e derrubado na praça da cidade em que vivia. Como ele não estava gostando de ir às aulas, o seguinte pensamento lhe passou pela cabeça: “Agora não precisarei mais ir à escola”.
Barbara escreve: “Enquanto se esqueceu deste motivo, permaneceu genuinamente doente, mas assim que se lembrou e encarou de frente a dor e a vergonha de sua trapaça, recuperou-se inteiramente sem nenhuma recaída.” E arremata: “Ele havia aprendido, de uma vez por todas que lembrar e reconhecer a própria culpa, custe o que custar, é o elemento mais essencial para ser capaz de viver e respirar em liberdade.”
Que façamos do nosso corpo um templo sagrado, onde não haja espaço para mentiras e dissimulações! Tentemos. Podemos. Vamos!