A escravidão de negros africanos no Brasil teve início em 1550 e se estendeu até 1888, quando foi extinta oficialmente através da assinatura da Lei Áurea. Só que, segundo a análise de nossa irmã Maria Paula Vilela, apesar da abolição da escravidão, as marcas desse período de intenso sofrimento e injustiças não ficaram para trás, uma vez que os pretos continuaram a ser marginalizados ao longo da história, passando por diversas condições de perseguição, discriminação e racismo.

Um dos princípios do Espiritismo é a não aceitação da sujeição absoluta de um homem a outro. A escravidão é contrária à lei de Deus. A escravidão é um grave desvio da conduta humana, resultando num atraso para a evolução moral e a espiritual.

A escravidão é uma atrocidade que contraria a lei natural da liberdade, pois constitui um abuso da força que cerceia o livre-arbítrio dos homens, além de infringir também a lei de igualdade, destaca Maria Paula Vilela no blog Letra Espírita. A escravidão se baseia na premissa de que um indivíduo ou povo possui superioridade sobre outro a ponto de subjugá-lo. E aí, surge um questionamento: se a escravidão contraria a lei de Deus, por que ela ocorreu em diversos períodos da história?

Em primeiro lugar, não esqueçamos o livre-arbítrio que é dado a todos. Temos liberdade pessoal para desenvolver ações individuais e coletivas. Considerando-se a escravidão que ocorreu no período colonial brasileiro, os portugueses, utilizando-se do livre-arbítrio, usufruíram de suas vantagens bélicas para subjugar e escravizar os pretos africanos para a obtenção de mão de obra forçada na colonização das Américas.

Todas as ações na vida terrena determinarão a felicidade ou infelicidade que terão que suportar durante as provas de uma nova existência, pontua Maria Paula Vilela. Os escravocratas enfrentarão as consequências de tais ações, a partir da lei de causa e efeito. Todos estarão sujeitos a encararem o mesmo mal em próximas encarnações.

A escravidão não ocorreu exclusivamente no Brasil. Por isso, podemos estabelecer a relação de que aqueles que passaram por essa dura prova em encarnações anteriores foram escravocratas ou compactuaram com a escravidão. Essa é uma das razões do porquê da necessidade de passarem pelo mesmo sofrimento, na esperança de não voltarem mais a escravizar seu semelhante.

Aquele que, numa encarnação, é livre, noutra poderá se tornar escravo e vice-versa, reafirmando que nenhuma condição social é permanente. Indivíduos que nascem subordinados têm o espírito tão livre quanto aqueles que os subordinaram, podendo reencarnar em uma condição totalmente oposta à que se encontraram.
Átila Nunes