Estava revendo no YouTube as imagens chocantes daquela tragédia que abalou Petrópolis, Teresópolis e Friburgo em janeiro de 2011, quando as enxurradas provocadas pela chuva causaram 900 mortes. Eu estava lá e me perguntei: como explicar isso sob uma ótica espiritualista? E os milhões de mortos pela pandemia em todo o mundo? Qual é a explicação? 
É impossível não se perguntar por que Deus permite esses flagelos
destruidores. Para fazê-la progredir mais depressa, é a explicação aceita unanimemente. Tragédias, por mais difícil de se aceitar, serve para a regeneração moral dos espíritos. A cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento. É preciso, contudo, que se veja o objetivo, para que se alcance resultados no mundo espiritual.
Voltando às perguntas que todos fazem nas grandes tragédias coletivas: por que acontece esse tipo de coisa? Qual a finalidade desses acidentes que causam a morte conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações? Por que algumas pessoas escapam?
Deus não nos julga e nem nos castiga.
Fatalidade, destino, azar são palavras que não combinam com os que creem na existência de uma outra vida. Então, como se explicam casos como esses? A resposta está no resgate coletivo, conceito que envolve a correção de rumo de um grupo de espíritos que em alguma outra encarnação cometeu atos semelhantes.
As existências interrompidas prematuramente por causa de acidentes chegaram ao seu termo previsto. São, em geral, complementares de existências anteriores, truncadas por causa de abusos ou excessos. Os seres
humanos se reúnem num ponto pela força do destino para sofrerem numa morte trágica, as consequências de atos que têm relação com o passado anterior ao nascimento. Daí, as mortes coletivas, onde os que partem acabaram o tempo que tinham de viver e vão preparar-se para existências melhores.
Gerson Simões Monteiro, presidente da Fundação Espírita Cristã Paulo de Tarso, afirma que as vítimas de um terremoto, por exemplo, poderiam ser antigos guerreiros, que, numa encarnação anterior, destruíram cidades, lares, mataram mulheres e crianças sob os escombros de suas casas e vitimaram a milhares
de pessoas.
Numa nova encarnação, são atraídos por uma força magnética pelos crimes praticados coletivamente, reúnem em determinadas circunstâncias e sofrem na pele por meio de um terremoto ou outra catástrofe semelhante o mesmo mal que fizeram às suas vítimas indefesas de ontem. São faltas individuais que
influem no coletivo.
Cito um exemplo real em que morreram duas pessoas da minha família, segundo meu pai comentava com muita dor no coração. No dia 17 de dezembro de 1961, um circo pegou fogo na cidade de Niterói e cerca de 500 pessoas faleceram. No livro 'Cartas e Crônicas', psicografado por Chico Xavier, o espírito Humberto de Campos relata a causa do acidente explicando que, no ano 177 da Era Cristã, Marco Aurélio reinava no Império Romano.
Mulheres, homens, crianças, anciões e enfermos cristãos eram detidos, torturados e exterminados. Mais de 20 mil pessoas já haviam sido mortas, quando chegou a notícia da visita do famoso guerreiro Lúcio Galo naquelas terras. Os donos do poder queriam homenageá-lo de maneira grandiosa e original. Decidiram, então, queimar milhares de cristãos num espetáculo "à altura" do visitante.
Durante a noite inteira, mais de mil pessoas, ávidas de crueldade, vasculharam residências humildes. No dia seguinte, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, no fim do morticínio, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento ou despedaçadas pelos cavalos em correria.
Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento. Através da reencarnação, se reaproximaram os responsáveis por aquela crueldade para a dolorosa remissão, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.
Chico Xavier também esclarece outro fato real ocorrido em São Paulo, no dia 1º de fevereiro de 1974, data em que o Edifício Joelma se incendiou (lembro-me bem disto) e deixou 188 mortos. Os espíritos Cyro Costa e Cornélio Pires se manifestaram por psicografia, deixando dois sonetos que revelavam a causa das mortes em massa no incêndio. As vítimas resgatavam os "derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas".
Com relação a mortes coletivas em aviões, o espírito André Luiz, no livro 'Ação e Reação', psicografado por Chico Xavier, esclarece que piratas que afundaram e saquearam criminosamente embarcações indefesas no mar, ceifando inúmeras vidas, agora encarnados em outros corpos, morrem, muitas vezes, coletivamente em acidentes de avião.
Venha por um flagelo à morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo.