Arte coluna Além da Vida 23 agosto 2025.jpgArte Paulo Márcio

A experiência do desencarne, ou seja, a saída do espírito do corpo físico, varia muito de pessoa para pessoa. Não há uma única sensação universal, e o que o espírito sente é diretamente influenciado por sua vida, suas crenças e, principalmente, seu grau de evolução moral.
O processo de desligamento não é um corte brusco. O desencarne não é um evento instantâneo, como um "corte" entre a vida e a morte. O desligamento do espírito do corpo é um processo gradual. Os laços fluídicos (laços energéticos) que os unem se soltam lentamente, e não se rompem de repente.
É comum que o espírito sinta um período de perturbação no momento do desencarne. Isso acontece porque a consciência ainda pode estar muito ligada ao corpo físico e à vida material que acabou de deixar. A intensidade e a duração dessa perturbação dependem de quão apegado o espírito era às coisas terrenas.
Afinal, o que o espírito sente? Para espíritos mais evoluídos ou que viveram de forma desapegada, o processo é mais suave. Eles podem sentir uma sensação de leveza, libertação e uma paz profunda. A morte é vista como um retorno ao lar, e a transição é feita com a assistência de espíritos amigos e guias espirituais.
Já para aqueles que foram muito apegados à matéria, viveram de forma egoísta, com vícios ou com uma má conduta moral, o desencarne pode ser doloroso e confuso. Eles podem não entender que estão mortos e continuar agindo como se estivessem vivos, tentando interagir com o mundo físico e com as pessoas que amam. Essa fixação pode gerar um grande sofrimento.
Em algum momento, após a perturbação inicial, o espírito adquire plena consciência de sua nova condição. Ele compreende que está no mundo espiritual e não tem mais um corpo físico. Esse momento pode ser de grande alívio e surpresa, principalmente se a pessoa não acreditava na vida após a morte.
Na visão espírita, a morte não é um fim, mas uma passagem. O espírito mantém sua individualidade, suas memórias e seus afetos. Ele leva consigo tudo o que aprendeu, tanto de bom quanto de ruim, e as consequências de seus atos. O destino do espírito após o desencarne não é decidido por um julgamento divino, mas sim pela sua própria condição moral.
Os espíritos evoluídos são encaminhados para colônias e hospitais espirituais, onde recebem amparo e continuam sua jornada de evolução, ajudando outros espíritos ou preparando-se para novas missões. Já para os espíritos menos evoluídos, passam por uma etapa. Aqueles que carregam pesados fardos morais podem se encontrar em zonas de transição (como o Umbral), onde enfrentam as consequências de seus próprios atos, até que o arrependimento os leve a buscar ajuda e a se reerguerem.
A melhor forma de se preparar para o desencarne é viver bem, com base nos princípios de amor, caridade e desapego material. Fazer a reforma íntima em vida torna a transição para o plano espiritual mais tranquila e natural, garantindo o apoio dos mentores espirituais para o novo começo.