Cláudio Castro chega à reta final do mandato com estabilidade política, índices expressivos e um cenário que o coloca, inevitavelmente, entre os nomes fortes para o SenadoFoto: Rede social

Cláudio Castro anda dizendo que hora quer, hora não quer ser candidato ao Senado em 2026. Um dia se assume como pré-candidato; no outro, pondera que talvez fosse melhor seguir até o fim do mandato. Essa alternância movimenta os bastidores e revela o peso político de um governador que, entre avanços e ajustes, se tornou uma das figuras mais influentes da cena fluminense.
De vereador a governador: uma trajetória de ascensão
De vereador da Cidade do Rio de Janeiro a governador, Castro percorreu um caminho político incomum na história recente do Rio de Janeiro. Assumiu o comando do estado em um momento de descrença generalizada, com as finanças combalidas e uma máquina pública desacreditada. Com perfil discreto, técnico e de diálogo, conseguiu devolver previsibilidade e governabilidade ao estado.
Avanços que mudaram o cenário
Na entrevista que concedeu à minha coluna, em agosto, Castro apresentou um conjunto de resultados que explicam a consolidação de sua imagem administrativa. O Rio saiu da 23ª para a 2ª posição em geração de empregos e manteve-se, pelo terceiro ano consecutivo, entre os estados que mais abrem empresas no país. No campo da modernização, o governo fluminense foi reconhecido como o mais digital do Brasil, com avanços na desburocratização e no atendimento ao cidadão.
Na infraestrutura, mais de um milhão de pessoas passaram a ter acesso à água tratada, e as praias da Glória, Botafogo, Flamengo e Paquetá — antes impróprias — voltaram a ser liberadas para banho. No social, o estado reabriu Restaurantes do Povo, criou novas unidades do Café do Trabalhador e expandiu o Segurança Presente para 50 bases fixas, ampliando a cobertura da segurança em áreas antes esquecidas.
E na cultura, o dado mais simbólico: R$ 1 bilhão investidos, o maior volume da história do estado, com regras reformuladas para que o interior também fosse beneficiado. A nova estrutura da lei de incentivo determinou que, para cada dois reais investidos na capital, um real fosse destinado a cidades fora da Região Metropolitana — abrindo espaço para artistas e produtores independentes.
Um governador que articula e dialoga
Castro também consolidou uma posição de articulador político, mantendo diálogo com prefeitos de diferentes partidos e garantindo apoio institucional em praticamente todas as regiões do estado. Essa rede de alianças — construída ao longo dos últimos anos — reforça a imagem de um governador que consegue unir técnica, estratégia e equilíbrio político.
O que ainda precisa avançar
Apesar dos números positivos, há desafios que continuam à mesa. A segurança pública, embora apresente indicadores de queda em alguns índices, ainda enfrenta zonas de vulnerabilidade dominadas por milícias e tráfico. Na saúde, o desafio é manter a cobertura do SAMU com infraestrutura adequada nos municípios menores. E na educação, ainda há espaço para fortalecer escolas e modernizar a rede, especialmente no interior.
São pontos que não anulam os avanços — mas indicam onde a gestão ainda pode evoluir antes do fim do ciclo. Faltando um ano para o término do mandato, Castro chega à reta final com um saldo administrativo robusto e politicamente consolidado. Manteve estabilidade institucional, entregou números expressivos e reconstruiu a imagem de um estado que, por muitos anos, foi sinônimo de instabilidade e crise.
Um governo de resultados e uma decisão política
Ao mesmo tempo, carrega o desafio de preservar seu grupo político, que depende diretamente de sua presença ativa nas próximas eleições. Por isso, mais do que uma decisão pessoal, a disputa pelo Senado tende a ser também uma decisão estratégica — de continuidade e sobrevivência política.
E, nesse contexto, nos bastidores, ninguém duvida: pela manutenção do grupo político e pela trajetória que construiu, Cláudio Castro tem que ser candidato ao Senado, sim.