Arte coluna opinião 13 novembro 2023Paulo Márcio

Mais uma vez a consulta à história é importante para se entender o presente e as instituições do Brasil. As nações vivem processos ao longo dos tempos e muitos princípios se consolidam.

A importância dos militares em nossa história foi permanente, desde a Independência, com os combates por quase dois anos na Bahia e a união territorial que devemos à espada pacificadora do Duque de Caxias, nosso estadista maior, pois, além de chefe militar na pacificação interna e comandante na Guerra do Paraguai, foi senador e primeiro-ministro de atuação sempre notável.

Na Era Vargas e no retorno à normalidade democrática no pós-guerra, o general Canrobert Pereira da Costa foi uma liderança militar muito relevante. No final do governo Dutra, quando tudo indicava que o povo queria a volta de Getúlio Vargas, muitas foram as especulações sobre a reação dos militares no caso da candidatura se confirmar e ser vitoriosa. Carlos Lacerda chegou a criar a famosa frase de que "Getúlio
não vai ser candidato; se for, não será eleito e, se for eleito, não tomará posse". Vargas foi candidato, venceu e tomou posse.

A normalidade muito se deve à entrevista dada em abril do ano da eleição pelo General Canrobert ao jornalista Samuel Wainer, nos "Diários Associados", que dividia com o próprio Lacerda a posição de mais importante repórter da época.

Disse o militar que "o Exército saberá cumprir o seu dever", para mais adiante lembrar que "não pode nem dever haver uma questão militar no Brasil. O Exército jamais perdeu suas origens populares e democráticas". E, por fim, acabando com especulações, disse que "o Exército não vai dar posse a este ou aquele candidato. Os eleitos pelo voto popular serão empossados pelos tribunais competentes para confirmar o resultado".

Esta entrevista foi transcrita nos anais do Congresso por iniciativa do deputado carioca Benjamin Farah, que sempre foi ligado aos militares e era do partido de Adhemar de Barros.

Tudo muito atual, pois o Exército sempre foi como definiu o ilustre ministro da época. Hoje, talvez falte um Samuel Wainer, na mídia, e um Canrobert, na tropa. No mais, falar em intervenção militar sem motivos sólidos não passou e não passa de um sonho de noite de verão.

Os militares são fiéis à ordem e ao progresso, que colocaram em nossa bandeira. E são uma reserva para eventuais contratempos e sempre atendendo a vontade da nação.
Aristóteles Drummond
Jornalista