Na política como na economia não existe lugar para ilusões. Não se briga com a realidade e os problemas, pois, do contrário, eles se tornam crônicos, com piora ao longo do tempo. O melhor é encarar a realidade com objetividade e pragmatismo. 
Infelizmente a Argentina não terá sua grave crise na economia resolvida com o afastamento pela via democrática de um grupo político que a vem infelicitando há décadas, numa aliança do populismo com o esquerdismo. Nossos vizinhos – abençoados com uma agricultura de altíssima qualidade, autossuficiência energética e bom nível cultural – vêm empobrecendo e conhecendo crise social grave, com desemprego e perda de competitividade na sua indústria. O país nunca teve tantos pobres.
O motivo da dificuldade do novo governo, com excelentes ideias para promover uma correção de rumos, é a política. Dificuldades com o Parlamento podem ser removidas com o apoio na opinião pública, formada por uma sólida classe média empobrecida, mas informada. No entanto, ali isso não é suficiente.
O peronismo gerou aquele que talvez seja o sindicalismo mais violento, radical, irracional do mundo. Param o país sem atinar para um agravamento da crise. Recorrendo a piquetes violentos, intransigentes, agem por motivação política. A Argentina tem nas suas estatais fonte de corrupção e empreguismo. Precisa resolver
logo esta questão.
O grau de aparelhamento argentino não permite uma recuperação rápida como a que tivemos nos governos Temer e Bolsonaro. E lá não tem um grupo parlamentar que garanta a governabilidade como o centrão, no Brasil. Depois do período militar, foram estes políticos que garantiram a governabilidade e evitaram uma Constituição pior do que a que temos. Nossos trabalhadores, por outro lado, são de boa índole e sabem dos
benefícios de uma economia estável. Agem sem ideologia, sem ódio no coração.
Assim, agrava as preocupações com a paz interna, a ordem nas ruas e o desgaste dos militares, que demoraram para desmontar o terrorismo e a violência política, que dividiu o país e enlutou milhares de famílias. Há perdas nos dois lados. Mas não importa, subversão com terrorismo não tem justificativa. E ordem sem a presença dos militares, hoje, não existe em nenhum lugar. Por isso, os promotores da desordem, em todo mundo, procuram desgastar os militares e limitar sua influência na vida dos países.
A história, entretanto, registra a relevância dos militares na América Latina para que o regime cubano não tivesse dominado o continente implantando uma ditadura comunista em quase todos os países. Brasil, Chile, Uruguai, Argentina, Colômbia e Peru estiveram a perigo nos anos 1960 e 1970. A ação militar garantiu a democracia com países livres e com certo desenvolvimento econômico e social. O que não ocorreu nas experiências de esquerda. 
O sucesso do governo Milei vai depender das condições de garantir ordem para ferir interesses irracionais que levaram a Argentina e seus trabalhadores à pobreza. Vamos torcer, pois um vizinho e parceiro em crise nos afeta sempre. 
* Aristóteles Drummond é jornalista