Aristóteles DrummondAristóteles Drummond

Uma das qualidades que se exige de um governante é saber escalar o time que o ajudará a governar. Tem de ser gente competente, de reputação ilibada e, sempre que possível, nas novas gerações.
O prefeito do Rio, aliás, é ele mesmo fruto desta capacidade do ex-prefeito e hoje vereador Cesar Maia, que foi buscar na geração dos filhos boa parte da equipe que o ajudou a fazer um bom mandato na cidade.
Eduardo Paes, no primeiro mandato, foi brilhante na escalação do time, muitos engrenando na vida pública. Uma pena a perda de jovens da qualidade de seu secretário de finanças, Francisco Almeida e Silva, e do de Transportes e de Conservação, Carlos Roberto Osorio, este o candidato natural na sucessão municipal. A divisão em três candidatos, muito bons, Osorio, Índio da Costa e o próprio Pedro Paulo, favoreceu o
desastre dos anos de Crivella-Igreja Universal no comando da cidade. Política é uma arte e não perdoa equívocos. Lula foi eleito, na verdade, pelas trapalhadas, polêmicas e grosserias de Bolsonaro. Pelo desempenho do governo, teria bastado calar a boca uns quatro meses.
Embora tenha feito uma coligação ampla, em que teve de abrir espaços para variadas legendas, o prefeito tem figuras de alta qualidade no atual mandato. O secretário de saúde, Daniel Soranz, tem nível ministerial, o de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões, é outra boa cabeça e tem bom desempenho. Daniela Maia foi decisiva na formação da equipe do pai e tem se saído bem na Prefeitura. Tem ainda de volta a seu grupo político Rodrigo Bethlem, de sua geração inovadora no Rio.
Agora precisa estimular gente de vocação e categoria a disputar a vereança. Antonia Leite Barbosa, que está no PSD, deve ser candidata e tem se revelado com vocação e disposição para a política. Deveria atrair o Novo, onde desponta um número de jovens promissores como Pedro Rafael. E ajudar, claro, a reeleição dos poucos que fazem por merecer na Câmara de Vereadores.
Apesar de candidatos teoricamente de qualidade, como é o caso de Marcelo Queiroz, ao que tudo indica, a reeleição pode ser uma boa solução para a cidade. Como o prefeito tem justas aspirações a disputar o Palácio Guanabara em 2026, é importante que tenha um vice de confiança pessoal e trânsito político. O maior risco eleitoral que corre, ao que parece, pode ser um vice controvertido ou muito ideológico. O atual vice, Nilton Caldeira, por exemplo, foi escolha feliz. O afastamento entre os dois ocorreu em alto nível e sem afetar o interesse público. Nilton vem de boa escola na política.
O Rio vive um momento decisivo para pavimentar uma reabilitação em que perder quatro anos pode ser fatal. Cargo executivo não deve se prestar a discursos políticos, e sim privilegiar experiência, competência e cabeça aberta aos novos tempos.